Nesta quinta-feira, 18, médicos do hospital universitário Charité-Universitätsmedizin Berlin anunciaram o sétimo caso provável de cura do HIV do mundo após transplante de células-tronco, na Alemanha.
O paciente que teve a identidade preservada, trata-se de um homem de 60 anos, diagnosticado com o vírus de imunodeficiência humana (HIV) em 2009, e anos depois, com leucemia. O tratamento realizado anteriormente nas seis pessoas, apresentavam a mesma características de câncer no sangue.
Como funciona o estudo
Os médicos escolheram um doador que tinha uma mutação genética, no qual tornava as suas células resistentes à entrada do HIV. No final de 2015, o homem recebeu o transplante da medula óssea para tratar a leucemia. A técnica é a mesma utilizada nos seis casos anteriores na tentativa da cura do vírus.
O objetivo do transplante é a substituição do sistema imunológico do paciente que possui o vírus. Os pesquisadores comunicaram à imprensa que o homem parou de tomar os medicamentos antirretrovirais (que reduzem a quantidade de HIV no sangue no final de 2018). Há cinco anos e meio, os sinais do vírus estão reduzidos e/ou ausentes, ou seja, não voltou a ser detectado no organismo do paciente.
O médico Olaf Penack, pesquisador do Departamento de Hematologia, Oncologia e Imunologia do Charité-Universitätsmedizin Berlin, ressalta o sucesso da pesquisa. “Estamos muito satisfeitos que o paciente esteja em boa saúde e indo bem. O fato de ele estar sob observação por mais de cinco anos e estar livre de vírus o tempo todo indica que realmente conseguimos erradicar completamente o HIV do corpo do paciente. Então, nós o consideramos curado do HIV”, disse.
Apesar disso, os pesquisadores são cautelosos sobre o anúncio da “cura”. Segundo o médico Christian Gaebler, pesquisador do hospital onde o tratamento foi feito, não é possível ter “certeza absoluta” de que todos os vestígios do HIV foram erradicados, mas “o caso do paciente é altamente sugestivo de uma cura para o HIV”. “Ele se sente bem e está entusiasmado em contribuir para nossos esforços de pesquisa”, disse o médico à agência AFP.
Primeira pessoa curada – Timothy Ray Brown foi a primeira pessoa declara curada do HIV em 2008, no entanto, faleceu em 2020 em decorrência de um câncer.
Resultados e mais detalhes da pesquisa e do caso serão apresentados na 25ª Conferência Internacional sobre aids, realizada na cidade de Munique, na Alemanha, na próxima semana.
Cura do HIV
Apelidado como “Novo paciente de Berlim”, o alemão de 60 anos possui uma série de características singulares. Ele recebeu as células-tronco de um doador que herdou apenas uma cópia do gene CCR5 mutado (bloqueia a entrada do vírus nas células do corpo), geralmente os doadores herdaram duas cópias de genes, ou seja, algo extremamente raro, de 1% da população se enquadra neste perfil, enquanto 15% das pessoas de origem europeia têm apenas uma cópia mutada.
A esperança dos pesquisadores, portanto, é a possibilidade de haver mais doadores disponíveis para o tratamento de pessoas com HIV.
*Matéria realizada com informações do Portal Metrópoles.