Nesta quinta-feira, 21, o ex-presidente da República, Michel Temer (MDB), falou em entrevista ao UOL sobre o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. “Eu não participei de golpe nenhum. Quando começou a história da chamada “procedência da acusação” na Câmara dos Deputados, eu vim pra São Paulo. Fiquei no meu escritório por várias semanas, porque eu sei que o vice-presidente é sempre o primeiro suspeito. Então eu vim pra São Paulo para evitar isso”, contou ele.
Temer reforçou, ainda, que a saída de Dilma não foi um golpe. “Eu não participei de golpe coisa nenhuma. E nem acho que houve golpe. Às vezes eu digo isso, que não participei de golpe, [e as pessoas entendem] então houve golpe. Não, não houve golpe. O que houve foi cumprimento da Constituição Federal. Se ler lá a Constituição, vai ver. Se o presidente cair, assume o vice-presidente”, afirmou.
O ex-presidente falou, ainda, sobre as acusações de corrupção contra Dilma. “Às vezes falam em corrupção, mas é mentira. Ela é honesta. O que eu sei, o que eu pude acompanhar, embora estivesse à margem do governo mesmo sendo vice-presidente, ela não tem nada que possa apodá-la de corrupta. É honestíssima”, disse Temer.
Em contrapartida, Temer afirma que Dilma teve dificuldade de relacionamento com o Congresso Nacional. “Houve problemas políticos. Ela teve dificuldade no relacionamento com o Congresso Nacional, teve dificuldade no relacionamento com a sociedade e teve acionada as ‘Pedaladas’, que é uma coisa extremamente técnica”, falou.
Michel Temer disse, ainda, que a ida da população às ruas aumentou a pressão pela saída de Dilma. “Este conjunto de fatores levou multidões às ruas. E aqui eu registro: quem derruba presidente, um impeachment, não é o Congresso Nacional. É o povo na rua que influencia o Congresso Nacional”, afirmou.
FACADA EM BOLSONARO
Michel Temer comentou, também, sobre a facada que o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) levou durante a campanha presidencial e afirmou que o ataque ajudou na eleição. “A apunhalada que recebeu o atual presidente ajudou sua candidatura. Aquilo fez com que ele ocupasse espaço na imprensa que talvez não ocupasse na campanha normal. Ele tinha pouco tempo de televisão e de comunicação, e aquilo fez com que ele não saísse do noticiário durante vários meses”, disse.
ELEIÇÕES 2022
O emedebista falou sobre a corrida presidencial de 2022 e, por hora, rechaçou a possibilidade de declarar apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Isso, eu vou decidir na hora certa. O ex-presidente Lula fala em todo momento em ‘golpe’, que a reforma trabalhista foi coisa de escravocrata, que o teto de gastos prejudicou o país. Então, como eu vou dizer que eu vou apoiar alguém que quer destruir um legado positivo para o nosso país?”, questionou Temer.
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