A primeira edição do ranking mundial de seleções da Fifa após a Copa do Mundo, divulgada na quinta-feira, 22, manteve o Brasil como líder, à frente da Argentina, campeã do mundial no Catar, e da França, vice-campeã. A lista polêmica levantou questionamentos sobre a fórmula usada pela entidade para calcular as pontuações e trouxe a pergunta: por que o Brasil segue líder, mesmo após decepcionar e cair nas quartas de final do Mundial? E por que à frente da Argentina, que ficou com a taça?
Entre os motivos que explicam a manutenção do Brasil na liderança – onde chegou em março deste ano -, está o fato de a Fifa descartar os possíveis pontos negativos produzidos em eliminações em fases eliminatórias. Para proteger os times que conseguem passar da fase de grupos e chegar às eliminatórias, esta é uma das exceções previstas no algoritmo “Sum”: se a eliminação (ou até uma vitória nos pênaltis) gerar pontos negativos, eles são descartados. Por exemplo, a eliminação do Brasil para a Croácia não contou pontos desfavoráveis no ranking.
Como foi derrotado pela Croácia nos pênaltis nas quartas de final do Mundial, o Brasil poderia perder quase nove pontos no ranking de acordo com o algoritmo da Fifa. Porém, pelo fato de ser uma fase eliminatória, estes pontos não entram na conta.
Outra especificidade da conta que impediu a Argentina de ficar com a liderança do ranking mundial neste momento foi o fato de a grande decisão ter sido resolvida em disputa de pênaltis. Se os argentinos tivessem conseguido segurar a vantagem aberta no tempo normal ou na prorrogação, eles não só faturariam a taça, mas também a ponta da lista.
Isso porque na conta usada pela Fifa tem grande peso o resultado final de um jogo: a vitória, por exemplo, vale 1,0 enquanto o empate vale apenas 0,5 (entenda melhor abaixo). Se tivesse vencido a França dentro dos 120 minutos, a Argentina, assim, teria essa variável da conta aumentada – e poderia ter 14 pontos a mais na pontuação final. Isso seria mais que suficiente para ultrapassar o Brasil, que está 2,39 pontos à frente dos rivais no ranking.
COMO FUNCIONA O PARÂMETRO DA FIFA?
Por conta de muitas críticas ao modelo anterior para chegar à pontuação, a Fifa decidiu mudar sua fórmula depois da Copa do Mundo de 2018 – sabendo da importância do ranking, que define os cabeças de chave do Mundial.
O novo modelo de cálculo do ranking é baseado no método Elo de cálculo, criado originalmente para se medir a força relativa entre jogadores de xadrez e usado em classificações de outros esportes há algumas décadas. Foi adaptado com o algoritmo “SUM”, desenvolvido especificamente para as particularidades do futebol.
O modelo de pontuação do ranking da Fifa foi revisto após dois anos de tentativas para criar um algoritmo mais preciso, permitindo “oportunidades iguais a todas as seleções” para subir na lista. A lógica da conta não é uma média dos resultados – como a fórmula anterior -, mas um método que soma ou tira pontos de um time de acordo com o nível dos adversários, medido também pelo próprio ranking.
O algoritmo criado pela Fifa para seu ranking foi batizado de “Sum” (soma, em inglês) e, de acordo com a entidade, busca “tirar importância dos amistosos e aumentar a importância das fases finais das competições” e “dar mais importância aos jogos de fase de mata-mata do que os de fase de grupos”, tirando do cálculo derrotas nestes jogos eliminatórios.
COMO FICA A CONTA
- PAntes – pontuação antes do jogo
- I – importância do jogo
- W – resultado do jogo
- We – resultado esperado do jogo
O I pode variar de 5 (para amistosos comuns) a 60 (jogos de quartas de final de Copa do Mundo para frente). O W pode ser 1 (vitória), 0,5 (empate) ou 0 (derrota). E o We pode se dá através de uma conta complicada, na qual a diferença de pontuação no ranking entre os dois times que disputam uma partida é colocada em uma fração: 1 / (10 elevado a -dr/600 + 1, onde dr é a diferença de pontuação.
Existem algumas exceções. Por exemplo, para confrontos definidos por disputa de pênaltis: aí, a equipe perdedora recebe a pontuação I de um empate (0,5), enquanto os vencedores recebem a pontuação I de meia vitória (0,75). Se um time é eliminado na fase de mata-mata de uma competição e recebe pontuação negativa por um jogo, estes pontos não são levados em conta, buscando proteger o total de pontos de seleções que avançaram para fases de mata-mata.
A pontuação pela importância do jogo é determinada da seguinte maneira:
- I= 5 pontos – Amistosos que não são na Data Fifa
- I= 10 pontos – Amistosos na Data Fifa
- I= 15 pontos – Jogos da fase de grupos da Liga das Nações
- I= 25 pontos – Play-offs e jogos finais da Liga das Nações
- I= 25 pontos – Jogos de eliminatórias de torneios continentais e Copa do Mundo
- I= 35 pontos – Jogos de torneios continentais até as quartas de final
- I= 40 pontos – Jogos a partir das quartas de final de torneios continentais e todos da Copa das Confederações
- I= 50 pontos – Jogos da Copa do Mundo até as quartas de final
- I= 60 pontos – Jogos da Copa do Mundo a partir das quartas de final
COMO FICOU AFINAL?
A seleção brasileira lidera com 1.840 pontos, contra 1.838 da Argentina. A vice-campeã mundial França é, agora, a terceira colocada, com 1.823 pontos, subindo uma posição. Eliminada na primeira fase da Copa, a Bélgica caiu do segundo para o quarto lugar (1.781 pontos), à frente da Inglaterra, que parou nas quartas de final do Mundial do Catar.
Grande surpresa da Copa, a seleção do Marrocos é um dos destaques do novo ranking da Fifa. A quarta colocada no Mundial subiu 11 posições, aparecendo agora em 11º lugar. A Croácia, terceira na Copa, está em sétimo, cinco posições acima em relação ao último ranking.
VEJA OS DEZ PRIMEIROS:
- Brasil – 1840,77 pontos (antes 1841,3)
- Argentina – 1838,38 (antes 1773,88)
- França – 1823,39 (antes 1759,78)
- Bélgica – 1781,3 (antes 1816,71
- Inglaterra – 1774,19 (antes 1728,47)
- Holanda – 1740,92 (antes 1694,51)
- Croácia – 1727,62 (antes 1645,64)
- Itália – 1723,56 (antes 1726,14)
- Portugal – 1702,54 (antes 1676,56)
- Espanha – 1692,71 (antes 1715,22)
*Com informações de GE.Globo