Após o caso da estudante aprovada em Medicina na UFPA não conseguir se matricular chamar atenção nas redes sociais, o portal BT entrou em contato com Lívia Letícia Santos da Silva, de 20 anos, que contou, em entrevista exclusiva, um pouco mais sobre a situação. Confira!
Ela diz estar vivendo a situação após ter tido a sua inscrição negada pela instituição de ensino por, segundo eles, não cumprir os critérios de baixa renda. Entretanto, ela afirma que se encaixa nas regras do benefício e que a universidade não teria justificado o indeferimento da matrícula.
“Levei para a banca todos os documentos que me exigiram. Passei na cota PCD, por conta da minha visão. Passei na cota de pessoa parda, passei na cota de estudante de escola pública, mas não passei na de baixa renda e a UFPA não justificou o motivo. Estou com assessoria jurídica para conseguir ingressar no curso do meu sonho”, disse a jovem.
Segundo a estudante, a renda familiar está nos critérios exigidos pela UFPA, que estipula por meio da Lei de Cotas N° 12.711/2012, que a renda bruta per capita da família não ultrapasse 1,5 salário-mínimo.
Ainda de acordo com ela, a família conta apenas com o salário mínimo referente à aposentadoria da avó e a ajuda do Governo Federal com R$600 do programa Bolsa Família. Ao todo, a família de Lívia soma em média R$1.920 mensais. “Eles não aceitaram a minha documentação de baixa renda e não justificaram. Apresentei todos os documentos exigidos”, enfatizou.
Na época da inscrição do vestibular, em outubro de 2022, Lívia estava realizando alguns trabalhos temporários para ajudar na renda da família. “Eu fazia alguns trabalhos informais em um restaurante e atendendo em uma ótica, em Capanema, onde eu recebia de 50 a 100 reais por dia quando trabalhava”, conta.
“Estou me sentindo triste porque é o meu sonho cursar medicina. Serei a primeira médica da minha família e a primeira a estudar em uma instituição pública. Tudo se tornou um pesadelo, mas tô lutando e reunindo forças para começar o curso”, finaliza a estudante.
Nas redes sociais, a jovem recebeu apoio. Veja:
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Por meio de nota, a Universidade Federal do Pará (UFPA) não mencionou o caso específico da estudante aprovada em Medicina, apenas cita os requisitos adotados pela instituição para contemplar estudantes por meio de cotas de baixa renda. A Universidade avalia a condição de renda do estudante exclusivamente por meio da documentação apresentada e, em caso de não apresentação ou apresentação incompleta dos documentos, o estudante tem a chance de resolver qualquer pendência em fase de recurso administrativo previsto no edital.
Segundo a nota, só são indeferidos em definitivo estudantes que não completem a documentação exigida ou apresentem inconsistência nas informações e documentações disponibilizadas.
Leia a nota na íntegra
A Universidade Federal do Pará informa que a reserva de vagas a estudantes de baixa renda em seus
processos seletivos é regulamentada pela Lei 12.711/2012, conhecida como Lei de Cotas, e pela Portaria
Normativa no 18, de 11 de outubro de 2012, do Ministério da Educação. Tais vagas são destinadas a
estudantes oriundos de famílias cuja renda bruta per capita não ultrapasse 1,5 salário-mínimo.
Para ter direito a essas vagas, o estudante precisa comprovar essa condição de renda por meio de documentação obrigatória informada tanto no edital de inscrição do processo seletivo quanto no edital específico de habilitação após a classificação na seleção.
A Universidade avalia a condição de renda do estudante exclusivamente por meio da documentação apresentada. Em caso de não apresentação ou apresentação incompleta dos documentos, o estudante tem a chance de resolver qualquer pendência em fase de recurso administrativo previsto no edital.
Só são indeferidos em definitivo estudantes que não completem a documentação exigida ou apresentem
inconsistência nas informações e documentações disponibilizadas. Esse procedimento é padrão para todos os candidatos, visando evitar possíveis fraudes no sistema de cotas. A UFPA reitera seu compromisso com a inclusão e o enfrentamento de desigualdades no ensino superior, em atenção à legislação vigente para que as cotas contemplem as pessoas a quem são direcionadas.
Entenda o caso