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17 horas de sequestro: Yann Carlos presta depoimento à polícia; família relata represálias

Yann Carlos, que sequestrou uma mãe e seus três filhos na última semana, numa ação que durou mais de 17 horas, está preso no Presídio Estadual Metropolitana (PEM III), em Marituba, área metropolitana de Belém. Ele prestou depoimento ao delegado que investiga o caso, nesta quinta-feira, 16. A escuta do protagonista do crime é mais uma etapa do inquérito criminal que já colheu depoimentos do motorista de aplicativo, dono do carro onde Yann e as vítimas ficaram durante todo o fato, além de Ana Júlia Brito, uma das três vítimas sequetradas.

De acordo com o delegado do caso, Adriano Izídio, Yann foi autuado pelo crime de roubo mediante restituição de liberdade. E a coleta do depoimento dele é parte crucial no avanço das investigações. “A oitiva é realizada com objetivo de ouvir o suspeito. Com o depoimento, que foi incluído nos autos, iremos concluir o inquérito e encaminhar à Justiça para apreciação”, contou.  

Já o Delegado Geral da Polícia Civil, Walter Resende, a celeridade na apuração do fato e oitivas já realizadas vão subsidiar o processo criminal. “A rapidez na busca pela elucidação do crime é resultante do empenho e dedicação da equipe que acolheu a situação e elaborou com precisão os procedimentos. O inquérito policial apontará as responsabilizações criminais do indiciado, que segue preso”, concluiu.

REPRESÁLIAS

O BT conversou com parentes de Carlos, que afirmaram que estão passando por momentos difíceis e o rapaz começa a receber atendimento médico. “O Yann esteve na audiência de custódia e assumiu tudo o que fez e também disse porque fez. Procuramos ajuda para ele. Pedimos ajuda porque sabíamos que ele não estava bem, e ele também sabia que não estava bem. Até tudo acontecer, ele não tinha tido contato com a gente (família). Tinha hora que ele não falava coisa com coisa, a mente desordenada. Ogora estamos resolvendo, ele está sendo medicado e recebendo a ajuda que ele e nós pedíamos. Infelizmente foi desse jeito (depois do sequestro)”, enfatizou um parente.

Ainda segundo o familiar, o restante da família vem sofrendo com represálias ao sair na rua. “Eu e minha mãe nem podemos sair na rua pois as pessoas nos agride com palavras de ódio. Meu foco agora é cuidar da avó dele que está muito triste com tudo isso e muito abalada por essa situação”, completou.

RELEMBRE O CASO

inicialmente, o caso era considerado um assalto com refém, que teve início por volta de 19h da noite da última quinta-feira, 8, quando Carlos abordou as quatro vítimas: uma mulher e três crianças que entravam em um carro de aplicativo para ir para a casa. 

Ao entrar no veículo, Yan estava com uma faca e iniciou uma confusão com o motorista de aplicativo, que rapidamente chamou a atenção de uma guarnição da Polícia Militar que estava próxima da parada de ônibus, na Avenida Augusto Montenegro. Aí então, a interceptação policial aconteceu e impediu a fuga do sequestrador que manteve em sua posse a mãe e os três filhos com uma faca no pescoço da moça.

Começou então, isolamento da área e o acionamento de reforço policial e equipes táticas com negociadores e atiradores de elite, como parte do esforço de segurança e gerenciamento de crise.

Por mais de 17 horas, no sequestro mais longo da história do Pará, as negociações e tratativa entre a polícia e o seqestrador seguiram até o início da tarde da quinta-feira, 9, quando o homem liberou a mulher, que era a última refém, depois de ter liberado as três crianças, sendo uma menina de colo, de três anos. No momento em que iria se entregar aos agentes de segurança, Yann se auto perfurou fazendo um corte profundo no pescoço, sendo encaminhado imediatamente para atendimento médico, onde passou por exames e segue recolhido no sistema prisional.