Segundo levantamento feito pela Info Tracker, plataforma de dados da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a cada 10 mortos por covid-19 no Brasil, 8 são de pessoas que não tomaram nenhuma dose da vacina. De acordo com os dados, desde o começo da aplicação da vacina, em março deste ano, até 15 de novembro, o número de mortes no país foi de 306.050. Destes, 243 mil, equivalente a 79,7%, não haviam tomado nenhuma dose.
No quesito internações, os números seguem quase o mesmo padrão. Entre os 981 mil internados, 802 mil (81,7%) não haviam tomado nenhuma dose da vacina, enquanto foram apenas 93 mil internações (9,6%) entre quem recebeu as duas doses ou a dose única do imunizante. Os internados após uma dose da vacina somaram 85 mil (8,7%).
Isso mostra que, no cenário atual, as mortes por covid-19 recuaram em 94% no Brasil, desde que a segunda dose passou a ser aplicada. Foram 89,6 mil óbitos em março contra 5.744 em outubro. Segundo um dos coordenadores da Info Tracker, o professor da Unesp Wallace Casaca, esses números estão diretamente ligados ao avanço da vacinação no país. “O total absoluto de óbitos e internações ao longo do período tem caído de forma acentuada e sustentada graças à vacinação”, afirma Casaca.
Nova onda
Uma vez que os números de contaminados e mortos voltaram a subir em boa parte do mundo, a preocupação com uma nova onda também cresceu. Com a descoberta de novas variantes, a última foi a Ômicron, os protocolos de saúde voltaram a ser reforçados em muitos países, principalmente na Europa.
Entretanto, os números no exterior também mostram que o avanço da vacinação é uma das melhores formas de combater o avanço do vírus. Em Washington, nos Estados Unidos, o número de mortes entre 1º de fevereiro e 26 de outubro foi de 2.960 entre os não vacinados. Enquanto, entre os vacinados, o número caiu para 717 mortos. No Reino Unido, situação parecida. Entre 2 de janeiro e 24 de setembro morreram, sem tomar vacina, 849 pessoas a cada 100 mil habitantes. Entre os totalmente imunizados, o número caiu para 26 mortos a cada 100 mil habitantes.
Segundo a imunologista Cristina Bonorino, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a população precisa entender a importância da vacinação para que o cenário se torne favorável. “As pessoas não entenderam: a única maneira de reduzir mortes e internações é vacinando todo mundo”, defendeu ela.
OMS teme um novo avanço da pandemia
“Alguns diriam que isso é cínico, mas, provavelmente, ao fim do inverno, quase todos os alemães estarão vacinados, curados ou mortos. Essa é a realidade”. Foi assim que o ministro de Saúde da Alemanha, Jens Spahn, falou sobre a atual situação do país em relação à pandemia.
O prenúncio assustador veio acompanhado de dados ainda mais preocupantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou uma estatística que, se concretizada, vai somar, pelo menos, mais 700 mil mortes no continente Europeu até março de 2022.
Segundo a entidade, a combinação de três fatores levam a esse cenário: a alta virulência da variante delta; a vacinação insuficiente; e a flexibilização precoce de restrições das regras sanitárias. O diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge, pediu que a população continue respeitando os protocolos sanitários, como o uso de máscaras, higiene das mãos e o distanciamento social.