O ex-namorado de Isabelly Aparecida Ferreira Moro, atacada com soda cáustica, planejou o crime de dentro da prisão usando o celular, segundo informações do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Marlon Ferreira Neves, de 28 anos, já estava preso por outros crimes quando orquestrou o ataque.
Mesmo encarcerado, Marlon teria ordenado a atual companheira, Débora Custódio, a matar Isabelly, de 22 anos, com quem ele havia mantido um relacionamento. O crime ocorreu em uma rua de Jacarezinho, no Norte do Paraná, em maio deste ano. Isabelly estava a caminho da academia quando foi atacada e teve que ser internada em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Débora Custódio foi presa pela Polícia Militar do Paraná (PM-PR) dois dias após o ataque. Segundo o MP, a troca de mensagens entre Débora e Marlon revelou o planejamento detalhado do crime. “Eles conversam sobre o disfarce, sobre a peruca, sobre a roupa, como ela iria se esconder depois que praticasse o crime. Ele exerce uma pressão nela para cometer o crime. Em alguns momentos, ela diz que não vai fazer, chega a recuar na prática do crime, mas ele determina que ela faça”, relatou a delegada Caroline Fernandes, responsável pelo caso.
As investigações apontaram que Débora estudou a rotina de Isabelly para surpreendê-la. Áudios armazenados no celular de Débora indicam a motivação do crime e mostram que Marlon tinha “verdadeiro domínio do fato criminoso”, conforme o MP.
Em nota, os advogados Jean Campos e Laís Vieira, que representam Débora Custódio, afirmam que ela agiu “sob coação, executando o crime por medo e temor, sem ter outra alternativa”. O advogado Igor Ogar, que defende Marlon, disse que seu cliente não cometeu tentativa de homicídio e, portanto, “não pode responder por algo além do que praticou, pois não existe nada que prove dolo na sua conduta”.
OUTROS CRIMES
Marlon Ferreira Neves estava preso por conta de um incidente anterior em um posto de combustíveis em Jacarezinho, onde, juntamente com seu irmão, se envolveu em uma briga. Imagens de câmeras de vigilância mostram Marlon descendo de um veículo com um pedaço de madeira para agredir um homem. Após as agressões, ele teria roubado o celular da vítima e fugido. Ambos foram presos e condenados a 7 anos e 5 meses de prisão.
Em depoimento, Marlon negou o roubo, afirmando que apenas foi ao posto buscar o irmão e que a briga começou devido a desrespeitos sofridos. Apesar disso, a condenação foi mantida, e ele permanece preso enquanto aguarda a possibilidade de recurso.
O ATAQUE COM SODA CÁUSTICA
No ataque a Isabelly, ela sofreu queimaduras graves no rosto, peito e boca. Ela foi sedada, intubada e ficou 17 dias internada em estado grave na UTI do Centro de Tratamento de Queimados. Apesar das queimaduras severas, Isabelly não teve sequelas visíveis, embora o produto usado possa causar queimaduras de até terceiro grau.