Morreu na madrugada desta quarta-feira, 17, em Soure, no Arquipélago do Marajó, aos 83 anos, o poeta, músico e compositor marajoara, Raimundo Miranda Amaral, conhecido como Mestre Dikinho. O artista é reconhecido como um dos mais importantes representantes da cultura marajoara.
Mestre Dikinho foi um dos mestres de carimbó mais antigos de Soure. Ele era viúvo e deixa sete filhos. Segundo informações do portal Noticia Marajó, o velório será realizado em frente à casa do artista, no Bairro Matinha. O sepultamento está marcado para a próxima quinta-feira dia 18, às 10h.
O legado de Mestre Diquinho
Diversas personalidades e grupos culturais lamentaram a perda de Mestre Dikinho. Mestre Damasceno, por meio de suas redes sociais, expressou sua tristeza e destacou o legado deixado pelo amigo. “É uma perda que nem conseguimos mensurar. Mestre Dikinho deixa um legado imenso, para que a gente possa continuar aprendendo e passando adiante os conhecimentos da essência do que é ser marajoara. Mestre Dikinho seguirá sempre presente por meio de suas canções, que retratam os modos de vida, os contos, os costumes e tradições do Marajó”, escreveu Mestre Damasceno.
O perfil do Conjunto Tambores do Pacoval, de Soure, também lamentou a partida de Mestre Dikinho, ressaltando a importância de suas contribuições para a cultura local e suas apresentações de Rodas de Carimbó.
Carreira e Contribuições Musicais
Mestre Dikinho nasceu em Soure, na Ilha do Marajó, e dedicou sua vida à música, criando canções que descrevem o cotidiano marajoara. Seu talento se estendia por diversos ritmos, incluindo Carimbó, Lundu, Xote e toadas de boi, além de samba-enredo e bossa nova. No início de sua carreira, tocou com vários compositores e participou de diversos conjuntos, até formar seu próprio grupo de carimbó.
Foi integrante do grupo parafolclórico Eco Marajoara e passou mais de uma década na direção musical do Grupo de Tradição Marajoara Cruzeirinho. Sua vivência nos campos do Marajó e sua vida como pescador enriqueceram seu talento, tornando-o um profundo conhecedor das tradições locais.
Ele também era conhecido por sua habilidade na confecção de instrumentos percussivos como tambores, maracas e xeque-xeque, fundamentais para o ritmo do carimbó. Ele era um artista versátil, que pintava e esculpia, com suas obras expostas em seu barracão. Além disso, foi o responsável pela criação e condução do boi bumbá Sete Estrelas e participou de outros bois bumbás, como Rosa Branca, Pai do Campo e Pingo de Ouro.
A partir de 2010, o artista assumiu a direção musical do conjunto de carimbó Tambores do Pacoval, levando seu trabalho para todo o Brasil.
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