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Tupinambás reencontram manto sagrado que ficou na Europa por mais de 300 anos

Foto: Fabiano Rocha/ O Globo

Mais de 300 anos após ser levado para a Europa, o único exemplar do manto sagrado tupinambá que está no Brasil será finalmente reencontrado pelo seu povo. O artefato, que permaneceu na Dinamarca desde o século XVII, é um símbolo de profunda importância espiritual e cultural para os indígenas de Olivença, na Bahia.

“A chegada do manto é uma prova viva de que o nosso povo existe”, afirmou a cacica Maria Valdelice em entrevista ao Globo. Para marcar este momento significativo, uma série de rituais indígenas será realizada nos jardins do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, entre esta terça e a próxima quinta-feira. Esses rituais incluem vigílias, rezos, cantos e palestras, em uma celebração que busca resgatar a memória transcendental dos tupinambás de Olivença.

MANTO TUPINAMBÁ

Foto: Divulgação / Museu Nacional da Dinamarca

O manto, que mede 1,80 metros de comprimento e é confeccionado com penas vermelhas de guará sobre uma base de fibra natural, foi doado ao Museu Nacional pelo Nationalmuseet, na Dinamarca. A peça é uma herança dos povos originários que habitavam a costa brasileira na época do descobrimento e será recebida com honras por cerca de 200 tupinambás, além de integrantes dos povos Pataxós-hã-hã-hães e Kariri.

A cerimônia oficial, que ocorrerá na próxima quinta-feira no Museu Nacional, contará com a presença do presidente Lula, da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e de outras autoridades dos governos federal, estadual e municipal. A devolução do manto é um marco importante, mas ainda há um longo caminho pela frente: outros dez exemplares tupinambás continuam em museus europeus, levados durante a colonização.

Para os tupinambás e outros povos indígenas, o retorno do manto sagrado ao Brasil é um sinal de resistência e união, reafirmando a força e a presença desses povos que habitam o território brasileiro há séculos. O reencontro com o manto é um passo poderoso na luta por reconhecimento, dignidade e justiça histórica.

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