Depois de seis anos e sete meses, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, foram condenados pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) condenou Lessa a 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto que Élcio, que dirigia o carro no dia do crime, foi condenado a 59 anos e 8 meses de prisão. As famílias de Marielle e Anderson se emocionaram ao acompanhar a decisão proferida pela juíza Lúcia Glioche.
Como firmaram acordos de delação premiada, no entanto, os tempos de execução de pena serão reduzidos. Os pais, Marinete e Antônio, e a filha de Marielle, Luyara; as viúvas dela, Mônica Benício, e de Anderson, Ágatha Reis, se abraçaram e aplaudiram, muito emocionados.
“A Justiça por vezes é lenta, é cega, é burra, é injusta, é errada, é torta, mas ela chega. A Justiça chega para aqueles que como os acusados acham que jamais serão atingidos pela Justiça”, disse a juíza Lúcia Glioche na leitura da sentença.
Os condenados foram enquadrados nos seguintes crimes:
- duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima)
- tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle que sobreviveu ao atentado e prestou depoimento nesta quarta-feira.
- receptação do Cobalt prata, clonado, que foi usado no crime.
Apesar das penas, Lessa e Élcio devem sair bem antes da cadeia. Os dois assinaram um acordo de delação premiada, que levou ao avanço das investigações – principalmente em relação aos mandantes (Chiquinho e Domingos Brazão).
QUANDO ELES DEVEM SAIR?
Assim, Élcio pode deixar a cadeia em 2031, e Lessa iria para o semiaberto em 2037, e fica livre em 2039. O acordo de cada réu, no entanto, pode ser anulado caso uma das obrigações dos delatores não seja cumprida. Por exemplo, caso fique comprovada alguma mentira na delação premiada.
Ambos ganharam também o benefício de deixar os presídios federais de segurança máxima – já foram transferidos para penitenciárias estaduais. Lessa conseguiu ainda ter de volta a casa da família na Zona Oeste do Rio que estavam entre os bens bloqueados pela Justiça. O acordo de cada réu, no entanto, pode ser anulado caso fique comprovada alguma mentira na delação premiada e que não leve à elucidação de casos.
O CRIME
Em 14 de maio de 2018, a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi morta a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, por volta das 21h30.
Além da vereadora, que levou quatro tiros na cabeça, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu. Fernanda Chaves estava no banco de trás e foi atingida por estilhaços.
Os bandidos – Lessa e Queiroz – estavam em um Cobalt prata e seguiram Marielle desde a Casa das Pretas, na Lapa, onde ela participara de um evento em uma distância de cerca de 4 quilômetros. A dupla emparelhou ao lado do veículo onde estava a vereadora e disparou, fugindo sem levar nada.