O vídeo em que a influencer Maíra Cardi utiliza o termo “Estupro Alimentar”, viralizou nas redes sociais nesta quinta-feira, 3. A empresária, que vende soluções milagrosas de emagrecimento, voltou aos holofotes após associar o termo referente a um crime bárbaro cometido contra mulheres todos os dias no país, à ação de fugir de uma dieta restritiva por influência de terceiros.
A empresária tentou se defender após a repercussão negativa, afirmando que o trecho que viralizou foi tirado de contexto.
O BT conversou com um nutricionista a respeito do assunto. Juscélio Araújo inclusive se posicionou nas redes sociais contra a “técnica” utilizada por Maíra. Para ele, a escolha da palavra “estupro” foi infeliz. “Realmente foi uma expressão que ela usou de forma super errônea, super triste, e se torna meio que um ‘terrorismo’ relacionado à nutrição. Muitas pessoas podem ter se beneficiado disso, mas, acredito que gerou mais insatisfação e descrédito das pessoas”, afirmou.
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Para o nutricionista, se um indivíduo sofre com algum tipo de distúrbio alimentar, existe um motivo que desencadeou a doença e é necessário um tratamento sério para tratar. “Estupro já é uma palavra muito forte. É complicado ser ‘estuprado’ por um alimento que você gosta. As pessoas já são adultas, ninguém vai forçá-la a comer nada, ela tá comendo porque ela quer ou porque alguma coisa está forçando ela naquele exagero. O que precisa é buscar a fundo a causa disso e o link do trabalho do psicólogo com o nutricionista é essencial”, explicou Jucelio.
Como profissional da área da saúde, Jucelio afirma que a categoria já denunciou Cardi pelos conteúdos produzidos, para os quais ela não tem qualificação para orientar outras pessoas. “A gente fica realmente indignado, já houve várias denúncias, só que acaba batendo e voltando. Se ela paga algum processo, para a quantidade de dinheiro e de visibilidade que ela tem, acho que ainda assim é vantajoso para ela pagar esses processos e passar por tudo isso porque ainda assim ela vai ter visibilidade, ela vai ter lucros em cima disso”, revelou.
O nutricionista é o profissional indicado para prescrever uma dieta:“Não é o coach alimentar, não é o life coach, essas pessoas não têm capacidade técnica profissional para fazer isso”, reforçou Jucelio, que aponta os riscos de influenciadores atuarem na área e atingirem pessoas fragilizadas emocionalmente. “Essas pessoas têm muita visibilidade, têm poder de fala, muitas vezes têm uma didática diferente ou uma opinião mais expressiva, algumas pessoas que têm uma mentalidade mais frágil acabam sendo afetadas e endeusando essas pessoas, isso inclui blogueiras que não possuem a capacidade profissional e influenciam mais negativamente as pessoas”, concluiu o profisssional.
