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Ministério da Justiça proíbe exibição do filme de Gentili com Porchat

O Ministério da Justiça e da Segurança Pública determinou nesta terça-feira (15), em caráter cautelar, a suspensão imediata da exibição do filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, de Danilo Gentili com a participação de Fábio Porchat, nas plataformas que têm o direito de exibição. O filme, de 2017, está disponível nos catálogos da Netflix, Telecine e Globo Play, Apple TV+, Youtube e Amazon Prime. 

Caso as empresas não cumpram o parecer da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), poderão pagar multa diária de R$50 mil. De acordo com a decisão, baseada no Código de Defesa do Consumidor, a suspensão foi aplicada “tendo em vista a necessária proteção à criança e ao adolecente consumerista”. 

Apesar da data, o filme voltou a repercutir nas redes sociais no último domingo, 13. Gentili e Porchat estão sendo acusados de apologia à pedofilia por conta de uma cena em que o personagem de Fábio Porchat pede para ser masturbado por dois adolescentes. “A gente esquece tudo e vocês batem uma punhe** para o tio”, diz o personagem.

Imagem: Reprodução

O Ministro da Justiça, Anderson Torres, declarou no fim de semana em suas redes sociais que o filme tem “detalhes asquerosos” 

Em entrevista nesta terça-feira, 15, Danilo Gentili disse que as acusações são uma estratégia dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para alavancar sua popularidade no ano eleitoral.  

“É justamente naquele semana que tá todo mundo p*to com o preço da gasolina, tá todo mundo p*to com o preço das coisas no mercado. Não é coincidência que um filme de cinco anos atrás foi tudo o que acharam contra mim”, disse ele. 

Ele relembrou que antes do lançamento, o longa precisou ser avaliado pela Coordenação de Classificação Indicativa e foi elogiado. Em sua defesa, Gentili ainda disse que o filme “vilaniza” a pedofilia. 

Fábio Porchat afirmou que os temas abordados no filme são puramente ficcionais e que todos estavam ali interpretando personagens, como qualquer obra de ficção faz ao ter mocinhos e vilões.

“Vamos lá: como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente, o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas”.

Juristas apontam que a decisão do Ministério da Justiça é inconstitucional, pois fere o inciso nono, que trata da livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação.