O espaço Quilombo da República, que fica na Praça da República, em Belém, foi arrombado na madrugada desta sexta-feira, 8. O local é coordenado pelo Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa) e reúne empreendedores e empreendedoras negros.
O estabelecimento é usado pelo coletivo Pretas Paridas de Amazônia, que foi informado na manhã do mesmo dia que uma das portas do espaço estava entreaberta. Ao chegar no local, o coletivo se deparou com o espaço revirado e destruído. Pertences pessoais e produtos de vendas foram levados pelos criminosos.
O caso foi registrado na Seccional de Polícia Civil da Cremação e um inquérito irá investigar e identificar quem cometeu o crime.
Nas redes sociais, o coletivo Pretas Paridas de Amazônia publicou uma nota de repúdio pelo crime, afirmando que os produtos furtados ajudavam na renda de 20 empreendedoras. O grupo não descarta a possibilidade de um crime racial.
“Não dispensamos a possibilidade de que a invasão possa estar relacionada com crime racial. Não temos como afirmar mas alguns recentes casos mostram a vulnerabilidade da comunidade preta, como o assassinato do do jovem sacerdote que pertencia a uma religião de matriz africana e foi morto dias atrás na região metropolitana e outros casos de discriminação e injúria ocorridos durante essa semana”, diz a nota.
A Guarda Municipal de Belém informou que dispõe de guarnição diariamente distribuída em toda Praça da República e já reforçou a equipe com viaturas e motos no local para evitar que fatos dessa natureza aconteçam.
O Quilombo da República (QR) foi idealizado, construído e administrado pelo Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará é um espaço de resistência negra, em um local considerado sagrado pelos Movimentos Negros de Belém. Pesquisas apontam que muitos negros escravizados foram enterrados exatamente onde hoje está localizado o QR, constituindo-se assim, um espaço de memória histórica que necessita ser salvaguarda do e protegido.
