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‘Existia uma boa vontade da imprensa com os governos do PSDB’, diz ex-governadora Ana Júlia Carepa ao BT

Foto: Reprodução

Na estreia da versão presencial do Incomoda, o Portal BT Mais conversou com a primeira e única governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT). Na oportunidade, a ex-chefe do executivo do estado falou sobre o começo da carreira política e sobre como a grande imprensa se comportava no governo do PSDB.

O INÍCIO NA POLÍTICA

Ana Júlia, que é arquiteta e bancária, entrou para política em 1992 e já ocupou cargos como vereadora, deputada federal, foi vice-prefeita da primeira gestão de Edmilson Rodrigues e senadora pelo Pará, eleita com mais de um milhão de votos. Perguntada sobre o que a levou para vida política, Ana Júlia afirmou que a prisão arbitrária do pai, na Ditadura Militar, foi uma das principais motivações. “Eu digo que o que deu o start na minha vida política foi um processo que eu nem entendia. Eu fui a única dos sete filhos a ver o meu pai ser preso pela ditadura militar. Eu vi o meu pai ser levado por homens com metralhadoras e eu não estava entendendo nada. Eu tinha 5 ou 6 anos”, contou.

Ela falou ainda sobre como o período da ditadura foi prejudicial para o país. “As pessoas deveriam estudar um pouquinho mais a nossa história verdadeira para saber o quão negativo foi para a democracia e para o desenvolvimento do país a ditadura militar”, disse.

A ex-governadora relembrou a passagem pela universidade e a importância do período para sua afirmação na política. “Ali começou a minha militância estudantil, luta pela educação pública, educação de qualidade, a luta pela democracia. Eu me lembro quando mataram o César Leite.Depois conhecemos a Sandra Leite, irmã dele, que chegou a participar tanto do primeiro mandato do Edmilson quanto no meu governo”, relembrou.

César Leite, estudante morto na ditadura militar. Foto: Memorial César Leite.

Depois de se destacar na militância, Ana Júlia recebeu, em 1992, o convite para se candidatar a vereadora de Belém pelo Partido dos Trabalhadores (PT). “Em 92 me pediram para ser candidata. Eu digo que por livre e espontânea pressão eu fui ser candidata a vereadora de Belém”, brincou.

Assista ao primeiro bloco da entrevista com Ana Júlia Carepa:

A PRIMEIRA E ÚNICA GOVERNADORA DO PARÁ

Ana Júlia Carepa. Foto: Reprodução.

Ana Júlia relembrou a caminhada entre a primeira eleição, como vereadora, até sua chegada ao Governo do Estado. “ Pouca gente acreditava que eu ia ser eleita, mas eu acabei sendo a vereadora mais votada do partido em 92. Aí, dois anos depois, fui candidata a deputada federal. Dois anos depois disso, em 96, recebi o convite para compor a chapa junto com o Edmilson e aí fui eleita vice-prefeita”, relembrou ela.

Ana Júlia, Edmilson Rodrigues e Lula em 1996. Foto: Reprodução.

Sobre sua eleição como governadora do Pará, Ana Júlia afirmou que a vontade de mudança da população passava pelo fato de que o governo do PSDB só era bom para a região metropolitana de Belém. “Existia um sentimento de que o governo era bom pra região metropolitana, mas não era um governo que estava presente nas diversas regiões. Existia esse sentimento de que se queria uma mudança, e também nunca tinha tido uma mulher. Nós fomos uma surpresa nas eleições.”, disse.

Ana Júlia falou ainda sobre o papel da imprensa na política e como o governo do PSDB era retratado pela mesma. “Com todo respeito a imprensa, e eu sou uma pessoa que defende a liberdade da imprensa, mas existia sim uma boa vontade da maioria da grande imprensa com o governo do PSDB, as mazelas não eram muito mostradas, mas a população estava sentindo. E foi nessa possibilidade, nessa vontade de mudança, nessa dificuldade que o povo estava sentindo, principalmente quem estava além da região metropolitana, que eu fui eleita”, avaliou.

Assistia ao segundo bloco da entrevista com Ana Júlia Carepa: