No Incomoda desta semana, a ex-governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, conversou com Mary Tupiassu sobre os preconceitos sofridos durante a sua gestão no cargo executivo. Relembrando algumas manchetes da revista Veja, principalmente em matérias do então colunista Reinaldo Azevedo, que citavam Ana Júlia como “Dona Carepa”, a ex-governadora disse ter sido vítima de uma campanha que ela classificou como “absurda”. “A campanha das revistas como a Veja, de jornais de nível nacional, a Istoé também, foi uma das coisas mais absurdas que aconteceu na história política deste país”, afirmou.
Ana Júlia chamou o meio político de machista e afirmou que acontece uma perseguição. “É uma perseguição às mulheres. Isso mostra o quanto a política é machista, que não permite que uma mulher ouse chegar ao mais alto cargo do seu estado e não só exercer como mulher, mas ela também poder ser alegre, poder ser feliz, poder ser separada como eu era, e poder gostar de dançar. Não, não pode. Essa mulher está condenada”, lamentou.
UMA LIDERANÇA FEMININA
Ana Júlia afirmou ainda que seu governo teria causado ainda mais incômodo porque sua gestão foi voltada aos mais vulneráveis do estado. “O incômodo também que se causou foi porque eu, como mulher, como mãe, tive um olhar no governo que incluía os mais pobres, que incluíam as pessoas que estavam naquele interior mais distante”, disse.
A ex-governadora afirmou se sentir injustiçada. “Esse olhar machista me fez sentir, e me sinto até hoje, uma pessoa completamente injustiçada. Porque as pessoas não julgavam mais as obras públicas que nós fizemos, não julgavam mais as políticas públicas que a Ana Júlia fez, mas julgavam sobre a questão moral, sobre as baixarias, sobre as fofocas”, lamentou.
Citando o atual Deputado Federal, Aécio Neves, Ana Júlia afirmou que o olhar é sempre preconceituoso. “É sempre esse olhar, os homens podem fazer tudo. O Aécio pode namorar com Deus e o mundo, mas a Ana Júlia? Namorar? Dançar? É um crime! Mas eu não cometi nenhum crime, tenho a honra de ter entrado e saído do governo de mãos limpas”, disse ela.
“FUI VÍTIMA DE MENTIRAS”
Ana Júlia não deixou de comentar os erros que cometeu no próprio governo. “Eu faço uma autocrítica, em relação a erros que nós tivemos no governo, a erros políticos que nós tivemos no governo. Agora, todos os governos têm erros, mas esse machismo foi algo nojento, foi algo completamente injusto, foi um absurdo o que aconteceu comigo”, afirmou.
Lembrando as acusações contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, Ana Júlia afirmou que as mentiras sobre ela chegavam de todos os lados. “Foi como aconteceu com a Dilma, eu fui vítima de mentiras. Na época não existia fake news, não tinha rede social pra me defender, as mentiras chegavam pelas revistas, pela internet, a oposição botava grupos de pessoas nas paradas de ônibus para amplificar isso”, disse.
Assista ao terceiro bloco da entrevista com Ana Júlia Carepa: