Na última segunda-feira, 6, o Ministério da Saúde informou, por meio de nota, que investiga sete casos suspeitos de varíola dos macacos. O caso mais recente foi notificado pela Secretaria de Saúde do estado de São Paulo. A nota reforça, ainda, que até o momento, não há nenhum caso confirmado no Brasil.
No mundo, já são 780 casos confirmados fora da África, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados contabilizados correspondem ao intervalo entre 13 de maio e 2 de junho deste ano. Além disso, os números contabilizam apenas pacientes identificados em locais onde a doença não é endêmica. Segundo a organização, investigações epidemiológicas estão em curso.
Para tentar entender mais sobre o assunto, o BT conversou com o Biólogo e Mestre em Virologia pelo Instituto Evandro Chagas, Thadeu Cantão. Ele falou sobre a origem da doença, os sintomas e possíveis precauções.
Veja a seguir:
“Para responder às perguntas, eu vou usar o comunidade lançado pela Sociedade Brasileira de Primatologia e pela Sociedade Brasileira de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Virologia.
Acho que uma coisa que temos que deixar clara é que, apesar da doença receber o nome de varíola dos macacos, o atual surto não tem a participação de primatas não-humanos, pois todas as transmissões investigadas foram ocasionadas de transmissão pessoa-pessoa”, reforçou o especialista inicialmente.
1 – Há probabilidade de um surto da doença?
– Até o momento não se trabalha com essa hipótese, uma vez que a virulência ou capacidade de infecção do vírus é muito menor do que outros vírus, como no caso da COVID-19, outro fator é o fato do vírus da varíola ser um vírus de DNA e ter uma estabilidade maior em relação aos vírus de RNA em relação a mutações.
2 – Existem formas de prevenção, principalmente, vacina?
Como a doença da varíola humana tinha sido considerada erradicada, a vacinação populacional havia sido descontinuada, então no momento não há uma quantidade grande de vacina pronta pra ser distribuída em larga escala, lembrando que a vacina é para a varíola humana, porém a vacina da varíola humana oferece proteção também contra a varíola dos macacos. Então se a doença chegar no Brasil, a priori o uso das mascaras será o nosso principal aliado, uma vez que a doença tem transmissão principalmente pelo contato próximo, como, através do contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.
3 – Qual o tratamento para um paciente com a varíola dos macacos?
Não há um tratamento específico para a varíola, ela é chamada de doença autolimitada, onde a pessoa se cura com o tempo, no caso o sistema imunológico da pessoa é responsável por essa cura, no caso pode ser administrado medicamentos para os sintomas, como febre e dores.
4 – O que a doença faz no organismo de um paciente?
O sintoma da varíola é o aparecimento de lesões na pele, onde pode aparecer bolhas, nesse caso é indicado que o se faça a busca de um atendimento médico, se for confirmado que seja varíola do macaco o paciente deverá se isolar. É bom ressaltar aqui, a Sociedade Brasileira de Infectologia informa que a varíola dos macacos costuma ser bem menos agressiva que a varíola humana, apresentando um número de lesões menor, mesmo na sua forma mais grave, e que no período de cerca de cinco a sete dias, as lesões começam a sarar.
Outros sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão.
5 – Ela pode deixar sequelas?
Eu desconheço sequelas que não seja a possível cicatriz, igual a “marca de catapora”. A cicatriz que fica na pele depois que a lesão sara.
6 – Qual o cenário atual dos casos no mundo todo?
Fora do continente africano a doença se concentra na Europa, nesses casos a OMS está em estado de alerta, acompanhando os casos ao redor do mundo.