No início do mês, oito macacos-de-cheiro (Saimiri sciureus) do Bosque Rodrigues Alves foram encontrados mortos. A informação foi divulgada pela direção do espaço e a causa da morte segue sendo investigada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma).
Na última sexta-feira, 10, laudos emitidos pelo Ministério da Saúde em conjunto com o Instituto Evandro Chagas descartaram a presença de vírus da febre amarela e do vírus da raiva nos macacos mortos.
Em contrapartida, a Secretaria de Saúde de Belém (Sesma) ainda aguarda laudo complementar da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) para saber se pode excluir ou confirmar o quadro de intoxicação alimentar destes animais. O tempo de entrega do relatório final com a causa da morte foi estendido e deve sair em até 30 dias.
O BT conversou com a Dra. Marina Benarrós, médica veterinária formada pela UFRA, com especialização em clínica médica e cirúrgica de animais silvestres e exóticos pela UFPA, e perguntamos sobre o que pode acontecer caso esses animais sejam alimentados com comidas fora da dieta esperada.
Segundo a médica, um dos principais problemas que pode ser causado pela alimentação indevida é, justamente, a intoxicação alimentar. “Vários problemas podem acontecer quando eles comem algo que não devem. A principal delas é a intoxicação, que o animal pode vir a óbito quase que imediatamente, sem a menor possibilidade de atendimento, mas também problemas gastrointestinais, diarreia, vomito”, informou.
A especialista também falou sobre como essa alimentação inadequada pode deixar os animais desnutridos. “Eles podem ficar desnutridos, podem faltar nutrientes, e isso predispõe a acidentes. Um animal que não se alimenta bem fica mais fraco, pode ter quedas. É uma série de problemas que vêm como consequência de uma dieta inadequada”, disse ela.
Ao ser perguntada se essa alimentação inadequada, como rosquinhas, biscoitos e pirulitos, podem fazer com que os animais deixem de querer os alimentos adequados, a médica afirmou que sim. “Eles podem substituir completamente a alimentação por conta de alimentos muito mais açucarados que agradam mais o paladar do animal, mas que não são adequados”, afirmou Benarrós.
A dra. Marina Benarrós falou, ainda, sobre o funcionamento da alimentação diária dos animais. “Esses animais do bosque são alimentados adequadamente todos os dias. Eles têm acesso a frutas, verduras, ração de qualidade, tudo o que eles precisam para ter uma dieta saudável. Eles não passam fome em nenhum momento, então não tem a necessidade das pessoas alimentarem eles. Principalmente com esse tipo de alimento”, disse.
A especialista reforçou, também, que é necessário um trabalho de educação ambiental muito grande para conscientizar a população. “É muito importante que as pessoas entendam que isso (alimentar os animais) é errado, porque a grande maioria dos problemas associados à alimentação inadequada desses animais é porque as pessoas fornecem esse alimento. É muito importante que as pessoas entendam que isso faz muito mal aos bichos, pode, inclusive, matar o animal. É um trabalho de educação ambiental e conscientização muito grande, porque a gente quer que as pessoas tenham esse contato, mas existe a forma correta de se fazer isso”, finalizou.