A oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL) irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente da República apontando, entre outros crimes, o de obstrução de Justiça. Isto ocorre após a divulgação do áudio de Milton Ribeiro relatando à filha que seria alvo de busca e apreensão, informação que o ex-ministro da Educação teria conseguido por meio de ligação recebida de Bolsonaro.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que “se não bastasse o balcão de negócios que se transformou o MEC, agora através de interceptação telefônica, descobrimos que o presidente avisou um procurado pela Justiça, o senhor Milton Ribeiro, de que ele seria objeto de uma ação de busca e apreensão por parte da Polícia Federal.”
“O que Bolsonaro quer é esculhambar a Polícia Federal, a Justiça, e todas as instituições. Iremos ofertar denúncia contra o presidente da República no Supremo Tribunal Federal por obstrução à Justiça e por violação do sigilo profissional. Mais do que nunca, é necessária Comissão Parlamentar de Inquérito para dar à Polícia Federal e ao Ministério Público a tranquilidade necessária para conduzir esse inquérito”, finalizou.
Em conversa com a filha, Milton Ribeiro diz que soube pelo presidente Jair Bolsonaro que seria alvo de busca e apreensão.
“A única coisa meio…o presidente da República me ligou… ele está com um pressentimento novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos para ele, né?”, disse Ribeiro.
A filha, então, o questiona: “Ah! Ele quer que você pare de mandar mensagens?”
E Ribeiro responde: “Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão…em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? se houver indícios né…”
Segundo a Polícia Federal (PF), as transcrições das conversas sugerem que Milton Ribeiro estava ciente da execução de busca e apreensão em sua residência e externa preocupação com os pastores Gilmar e Arilton.
“Nos chamou a atenção a preocupação e fala idêntica quase que decorada de Milton com Waldemiro e Adolfo e, sobretudo, a precisão da afirmação de Milton ao relatar à sua filha”, disse o delegado Bruno Calandrini.
Para a PF, “os indícios de vazamento são verossímeis e necessitam de aprofundamento diante da gravidade do fato aqui investigado”.
A esposa do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, Myrian Ribeiro, confirmou que ele estava sabendo que seria alvo de operação da Polícia Federal.
Ela disse que “ele não queria acreditar”, mas que “para ter rumores do alto é porque o negócio já estava certo”, em ligação telefônica interceptada pela Polícia Federal, com autorização da Justiça.“Ele não queria acreditar, mas ele… ele estava sabendo. Para ter rumores do alto (…) é porque o negócio já estava certo”, afirmou Myrian, na quarta-feira (22), dia da prisão do ex-ministro, dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, além de outros suspeitos. A gravação foi divulgada pelo site G1.