Que cães e gatos podem sofrer de distúrbios comportamentais, muitos já sabem. Mas você sabia que hoje já existe uma área voltada aos cuidados da mente dos bichinhos? Há muitos problemas com os quais nos deparamos na rotina clínica que podem ser chamados de “psicogênicos”, ou seja, de origem psicológica.
Também chamada de “medicina veterinária comportamental” ou “etologia clínica”, a psiquiatria veterinária tem como principal proposta lidar com os transtornos de comportamento que os bichinhos apresentam no dia-a-dia.
Vale lembrar que um comportamento atípico isolado não configura um transtorno comportamental. Assim como em seres humanos, caracterizamos como transtornos aqueles comportamentos que geram prejuízos na vida do paciente (seja em âmbito social, seja em questões mais individuais, como a automutilação). De todo modo, mesmo para acompanhamento de comportamentos “inadequados” mais pontuais, como fazer xixi no lugar errado, a consulta comportamental pode ser indicada.
Geralmente as consultas comportamentais envolvem entender qual o comportamento atípico em questão, mas principalmente fazer uma análise do ambiente no qual o pet vive, as pessoas com quem ele divide sua rotina, o modo como essas pessoas se relacionam com ele e seu histórico clínico também.
Há casos em que apenas recomendações de correção do ambiente e de algumas formas de abordar o bichinho, já auxiliam na correção do comportamento indesejado. Em outros casos, mais complexos, pode ser necessário tratamento com medicamentos controlados (psicotrópicos), sobretudo em situações que envolvam lambedura excessiva (desde que sejam descartadas causas parasitárias), agressividade/medo exacerbados e automutilação.
Para atuar na área de psiquiatria/medicina veterinária comportamental, o profissional deve, além de ter graduação em medicina veterinária, estar sempre se atualizando com cursos e estudos científicos acerca do tema, visto que é uma área relativamente nova. Esse médico veterinário, portanto, estuda para se capacitar a cuidar de forma integrada tanto do corpo quanto da mente dos bichinhos.
Muitas vezes dizemos que o profissional não atende apenas o pet, mas sim a família como um todo, já que alguns comportamentos atípicos dos pets podem ser explicados por alguns comportamentos disfuncionais da própria família.
Pessoas ansiosas e agitadas, por exemplo, tendem a ter pets ansiosos e agitados. Não é uma regra, mas é uma correlação visível em alguns casos atendidos em consultório. O médico veterinário avalia para além do que ele verbaliza durante a consulta: também trabalhamos muito com a observação, já que nossos pacientes não falam.
É importante fixar que um comportamento atípico geralmente é reflexo de que algo não está bem. Além de acontecer devido algo inadequado no ambiente, ele também pode se manifestar como consequência de alguma doença.
Como exemplos, podemos citar o gato que começa a fazer xixi em lugares estranhos na Doença do Trato Urinário Inferior Felino, ou o cão que lambe as patinhas excessivamente por questões alérgicas. Uma vez corrigida a causa/doença, o comportamento atípico tende a cessar.
Portanto, procure sempre seu médico veterinário de confiança para que haja o direcionamento adequado do caso do seu bichinho!
