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Novas espécies de plantas são identificadas no Parque do Utinga, em Belém

Uma orquídea mico-heterotrófica (Wullschlaegelia calcarata) foi encontrada no sub-bosque da floresta de terra firme na trilha da Mariana, no Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna”, em Belém. A espécie é uma planta aclorofilada, que não faz fotossíntese.

Outra descoberta – que também integra as ações do Projeto Flora do Utinga – foi da espécie pertencente à família Commelinaceae (Buforrestia candolleana). A espécie foi localizada em áreas alagadas, às margens da Lagoa da Mariana. O achado é considerado raro, já que o único registro dessa espécie ocorreu em 1980, na região conhecida como Mocambo, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Belém. 

O Projeto Flora do Utinga é desenvolvido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio).

Localização e identificação

As duas espécimes foram localizadas pelo biólogo Arnold Patrick, aluno de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Botânica Tropical (PPGBOT), da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e Museu Paraense Emílio Goeldi, e pesquisador do Projeto Flora do Utinga.

 A orquídea foi identificada pelo biólogo Wagner Martins de Oliveira, aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação, enquanto a Commelinaceae foi identificada pelo técnico em Botânica Luís Carlos Batista Lobato, do Museu Goeldi.

Espécies encontradas no Parque do Utinga

Segundo o pesquisador Leandro Ferreira, do MPEG e coordenador do Projeto Fora do Utinga, 31 espécies de orquídeas já foram identificadas no Parque do Utinga. As orquídeas são, em sua maioria, plantas com forma de vida herbácea terrestre ou epífita, que vivem sobre outras plantas sem parasitismo (não retirando nenhum nutriente), usando-as somente como suporte.

Leandro Ferreira informa que a orquídea mico-heterotrófica foge a essa característica pela associação com fungos, de onde retira seus nutrientes. “A micro-heterotrofia é uma forma de nutrição de plantas totalmente dependentes de fungos para a obtenção de nutrientes. Portanto, configurando um caso de parasitismo. No Parque do Utinga existem mais três espécies de plantas mico-heterotróficas: Miersiella umbellata (Burmanniaceae)  e Voyria alvesiana e Voyriella parvilora (Gentianaceae). As duas espécies encontradas reforçam a importância da conservação da vegetação no entorno da Lagoa da Mariana, uma das nascentes de água mais importantes do Parque do Utinga“, enfatiza Leandro Ferreira.

Fonte de Pesquisa

A presidente do Ideflor-Bio, Karla Bengtson, ressalta a importância da parceria entre Ideflor-Bio e Museu Emílio Goeldi, que vem colocando as Unidades de Conservação (UCs) como importante fonte de pesquisa e formação acadêmica. Com os resultados das pesquisas, o Ideflor-Bio amplia sua atuação pela preservação e conservação da biodiversidade, apoiando pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental.

O Projeto Flora do Utinga foi iniciado em 2018, e já catalogou 820 espécies de plantas e fungos. As pesquisas são realizadas no Parque Estadual do Utinga, na Área de Proteção Ambiental (APA) de Belém e no Refúgio da Vida Silvestre Metrópole da Amazônia (Revis). O estudo tem como objetivo fortalecer e preservar a biodiversidade da região, a partir da catalogação das formas de vida das plantas e fungos existentes nessas unidades.