Nesta terça-feira, 26, a escritora Glória Perez deu entrevista ao Splash, do portal UOL, e falou sobre a repercussão das fotos do corpo da filha Daniella Perez, assassinada em 1992 por Guilherme de Pádua e Paula Thomaz (agora conhecida como Paula Peixoto).
As fotos foram reveladas no primeiro episódio da série documental “Pacto Brutal”, lançada na última quinta-feira, 21, na plataforma de streaming HBO Max.
Assassinada em 28 de dezembro de 1998, Daniella Perez foi encontrada com as marcas das 18 punhaladas que sofreu por parte de seus assassinos. Na série, as fotos mostram como a polícia encontrou o corpo da atriz e bailarina. Segundo Glória, o uso das imagens não deixa espaço para segundas versões. “Se você quer contar essa história, tem que mostrar o que eles fizeram. O que me incomoda é que esse crime tenha sido cometido e que tenha sido tratado da maneira que foi. Eu acho que as fotos não deixam minimizar nada”, disse a mãe da vítima.
A autora afirma que dói ver as fotos da filha, mas reforça que doeu mais ver ao vivo o corpo de Daniella. “Você olha e foi exatamente aquilo que foi feito. Então, me dói ver aquilo? Muito. Mas me doeu ver aquilo ao vivo, como eu vi. E ver depois como aquilo foi tratado de maneira a minimizar (o crime)”, lamentou.
Sobre a liberação das imagens para os diretores da série, Tatiana Issa e Guto Barra, Perez confirma que liberou para que usassem as fotos como achassem necessário. “Entreguei e confiei neles. Não vou discutir a proporção das fotos, mas sim a brutalidade contida naquelas fotos”, disse.
A dramaturga contou, ainda, que a necessidade de falar sobre o assunto foi crescendo com o tempo. “Esse tempo todo, essa história foi contada da maneira mais sensacionalista possível. Agora, eu queria que o processo falasse. O que me levou a aceitar fazer parte desse projeto e ceder todo o meu arquivo à HBO foi a proposta de que eles se ateriam aos autos do processo”. E reforça: “Não se trata mais de apresentar versões. É o processo que fala e é só por ele que você pode entender o que aconteceu e o porquê dois psicopatas foram condenados por homicídio duplamente qualificado”, afirmou.
PSICOPATA
Glória Perez falou, ainda, sobre o que a faria desaprovar a produção de “Pacto Brutal”: ouvir as possíveis versões de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz. “Isso eu realmente não queria que fizessem, mas também não veio na proposta deles”, disse.
As narrativas são, inclusive, uma das coisas que Glória mais critica quando fala sobre a cobertura do caso. Para a autora, a mídia errou ao retratar o crime como algo “passional”. “Ele dizia que foi um acaso. Mas, não foi uma coisa casual. Quando você olha aquelas fotos, você vê que não tem nada de momento, foi feito de uma forma quase ritualística”, conta.
Glória afirma que escutar o lado dos assassinos de Daniella seria “dar palco para psicopata”. “Hoje em dia, se você quiser saber como eles vão, é só abrir ali as redes sociais. Eles estão lá exibindo a sua impunidade. Não precisa agora perder tempo dando microfone. Seria dar palco a psicopata”, falou.
Por fim, sobre as afirmações da atual esposa de Guilherme de Pádua, a maquiadora Juliana Lacerda, que diz que o ex-ator não assassinou Daniella, Glória diz: “Eu fiquei sabendo. A minha opinião é: o tempo dirá. As máscaras caem”, finalizou.