O ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, afirmou nesta terça-feira, 9, uma semana depois da visita da presidenta da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha, que a China está se preparando para invadir a região.
Para ele, os exercícios militares realizados pela China nas proximidades do país, são práticas veladas, e que a real intenção chinesa é invadir Taiwan. De acordo com o ministro, as autoridades chinesas utilizam “coerção econômica, ataques cibernéticos e lançamento de mísseis”, com o intuito de “enfraquecer Taiwan”.
“A China está claramente tentando dissuadir outros países de interferir em sua tentativa de invadir Taiwan. Em outras palavras, a real intenção por trás desses exercícios militares é alterar o status quo no Estreito de Taiwan, além de nos intimidar”, disse Joseph Wu.
Horas depois da fala do ministro, em contrapartida, Taiwan realizou exercícios de artilharia militar, simulando uma defesa contra um possível ataque chinês, que se mostra cada vez mais iminente. No exercício taiwanês, foram utilizadas 45 aeronaves de combate e 10 embarcações militares em atividade ao redor da ilha. Das 45 aeronaves, 16 caças cruzaram a linha mediana, não oficial, do Estreito de Tawian.
Ou seja, o clima de tensão está cada vez mais acentuado na região. O chanceler encerrou o pronunciamento pedindo apoio da comunidade internacional.
Embora a fala de Joseph Wu, na segunda, 8, o Pentágono disse que Whashington mantém a posição de que a China não invadirá o ilha.
Pelo lado chinês, na segunda-feira, 8, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, disse que a China está realizando exercícios militares normais “em nossas águas” de maneira aberta, transparente e profissional, acrescentando que Taiwan faz parte do território chinês, como sua própria província a ser reincorporada, pela força, se necessário.
VEJA O PRONUNCIAMENTO:
MOBILIZAÇÃO DAS FORÇAS
Cerca de 20 barcos da marinha chinesa e taiwanesa permaneceram perto da linha mediana do Estreito de Taiwan na manhã desta terça (9).
Vários barcos da marinha chinesa também realizaram missões na costa leste de Taiwan.
A ilha, que tem um governo democrático, realiza rotineiramente exercícios que simulam uma invasão chinesa e, no mês passado, praticou como repelir ataques por mar durante seus maiores exercícios anuais.
POR QUE TAIWAN?
Taiwan é atualmente o território geográfico mais indefinido, no sentido de autonomia e independência, quando se fala em nação. Taiwan é uma região insular, a 180 quilômetros de distância da China. Taipé é a sua capital, situada ao norte. A ilha têm mais de 22 milhões de habitantes.
Para a China, Taiwan é uma província rebelde, que faz parte do seu território. Já para o governo de Taiwan, a ilha é um estado independente, gerido por uma Constituição própria, e por décadas foi considerada o próprio governo chinês, no exílio. Uma vez que, os atuais governantes da ilha foram derrotados pelos atuais governantes da China.
Ex-colônia holandesa e controlada pelo Japão até a Segunda Guerra Mundial, a ilha foi tomada pela China em 1945, diante da derrota dos japoneses na guerra.
Em dezembro de 1949, Chiang Kai-shek, derrotado, se refugiou em Taiwan com suas tropas e apoiadores. Lá, o líder nacionalista formou um governo próprio, chamado de China Nacionalista, que ele afirmava ser o verdadeiro governo chinês, e não a República Popular da China, comunista, que havia vencido e governa o país até hoje.
Os movimentos de independência de Taiwan se enfraqueceram nos últimos anos. Porém, a China usa como artifício a visita americana, na última semana, para isolar a ilha do resto do mundo, sufocando suas forças e o contato com a comunidade internacional.
