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POPLIST | Luiza Braga fala sobre empoderamento feminino no Coletivo Incendiárias

Incendiárias é um coletivo de pesquisa continuada e experimentação que transita entre as linguagens do teatro, da performance e do audiovisual idealizado pela paraense Luiza Braga. O Poplist conversou com a artista sobre seu mais novo projeto audiovisual, acompanhe.

Luiza Braga. Foto: Reprodução

A premissa de que, para que as mulheres nunca mais sejam caladas, é preciso que falem, que se ouçam e principalmente que se expressem tem orientado esse projeto. O objetivo do coletivo é criar um espaço para que possam compartilhar suas opiniões, seus sentimentos e seus desejos.

Luiza fala que o projeto é sobre padrões de beleza e padrões de opressão e como que a sociedade normaliza a opressão e a objetificação do corpo das mulheres e o quanto isso é agressivo psicologicamente além de fisicamente para muitas mulheres.

A idealizadora do projeto conta que lida com essa pressão de imagem constantemente pelo trabalho, pela criação e por ser mulher: “Então a gente partiu de uma questão que é comum a muitas mulheres e que atravessa minha existência, atravessa meu corpo e a partir dessa questão a gente ficcionalizou essa história né dessa personagem que faz algumas intervenções, que não consegue passar um dia inteiro sem se autocriticar.” afirma Luiza.

Luiza Braga. Foto: Reprodução

O processo criativo dentro do Coletivo Incendiárias é colaborativo que se realiza conjuntamente entre atriz, direção e dramaturgia. O conceito que norteia o coletivo é o de autoficção para que justamente cada performance tenha a personalidade de cada uma das atrizes muito presente: “Então se você analisar um pouco o trabalho do coletivo cada performance é muito individual justamente porque ela vai partir de uma questão real de quem está em cena, a partir dessa questão real a gente cria um enredo, cria uma dramaturgia para que através da linguagem artística a gente possa atravessar outros corpos e outras mulheres.” conta Luiza.

Luiza Braga revela que produzir este projeto audiovisual ativou gatilhos e que é uma questão que a artista lida todos os dias: “Fazer essa performance para mim como ser humano mesmo é também uma tentativa de transmutar essa questão de colocar em linguagem artística o que para mim é uma angústia mas também é um questionamento político.” revela a artista.


O Coletivo Incendiárias é um trabalho interestadual que dialoga também com as realidades regionais que Luiza considera muito importantes porque, de acordo com a idealizadora do projeto, o coletivo começa a trabalhar o desfoque do eixo Rio – São Paulo.

“Para mim é muito importante poder trazer um pouco do nosso Estado para dialogar com os artistas que estão criando aqui em São Paulo e ao mesmo tempo levar os artistas daqui para o nosso Estado também porque eu trago comigo necessariamente as minhas raízes e todas as minhas referências.”

Luiza braga

Luiza Braga fala sobre a cultura machista imposta na sociedade e afirma: “Eu penso que cada vez mais a gente tem esse movimento na cada vez mais nós mulheres estão dizendo: ‘Não vocês não vão mais nos oprimir, vocês não vão mais vender nossos corpos, vocês não vão mais nos agredir.’

No entanto, a artista ressalta que o Brasil, especialmente, ainda vive uma onda fascista, conservadora e machista. Por isso, Luiza destaca: “A gente não pode descansar nenhum dia porque a todo momento a gente sofre tentativas de agressão, de normalização da violência, de objetificação dos nossos corpos.” afirma.

Luiza Braga finaliza afirmando que a arte tem um papel político, de conscientização e de expressão e afirma que o caminho é do debate pelas artes, porque ele traz não só reflexão mas a sensibilização: “Muitas vezes uma mulher que assiste uma performance de Incendiárias não necessariamente já tem um debate, uma reflexão sobre aquele tema, mas ele vai sensibilizar, ela vai se identificar e a partir dessa sensibilização que se dá por um lugar mais sensorial e menos racional a gente consegue pensar em começar esse processo de transformação.” conclui Luiza.