Com cerca de dez horas de sessão, o júri popular que julgava o envolvimento e execução do ex-militar, acusado de feminicídio, pela morte da jovem Édrica Moreira, em novembro de 2021, foi suspenso pela juíza Ângela Alves Tuma, presidente do julgamento.
O ex-militar do exército, Edisandro de Jesus da Costa, de 33 anos, responde pela prática de feminicídio contra a ex-namorada Édrica Moreira Lopes da Silva, de 19 anos, e tentativa de feminicídio contra a amiga dela, Tamara Silva Rodrigues, também 19 anos, ambas estudantes.
A suspensão foi solicitada pelo promotor do júri Edson Augusto Souza durante o interrogatório do ex-militar. Antes, porém, os jurados já tinham ouvido nove depoimentos, seis deles da acusação, entre eles a vítima sobrevivente e a ex-companheira do réu, que confirmou o envolvimento do réu com o crime e, até então, desconhecia o relacionamento extraconjugal do companheiro.
O réu respondeu inicialmente perguntas da juíza e negou autoria ou participação no feminicídio. Ele procurou vincular a jovem em supostos relacionamentos afetivos com pessoas envolvidas com criminalidade, confirmando ter tido alguns encontros com ela. Além disso, percebeu-se que o acusado dava versões fantasiosas do dia do crime.
Dessa forma, o julgamento foi suspendo para a realização de um laudo psiquiátrico elaborado por profissionais do Instituto Médico Legal, que vão avaliar o comportamento e as falas de Edisandro. Agora, ele segue preso de forma preventiva, no Centro de Recuperação Anastácio das Neves, destinado a servidores públicos que respondem por crimes cometidos.
A MORTE DE ÉDRICA
Por volta das 22h, do dia 11 de novembro de 2021, na rua Esperançosa, bairro Sideral, em Belém, a jovem Èdrica Moreira Lopes da Silva, acompanhada da sua amiga de infância Tamara Silva Rodrigues, saiu para lanchar. No retorno, elas foram abordadas por um veículo HB20, cor preta, do qual saiu pela porta traseira um indivíduo com arma de fogo e ordenou para Edrica “passar o celular”. A jovem entregou o celular. No entanto, o indivíduo efetuou o primeiro disparo, que atingiu a coxa de Tamara e, em seguida, apertou o gatilho mais quatro vezes, atingindo Édrica, no abdomen, e na perna.
A amiga da vítima, em desespero, grita e pede socorro. Ela afirmou “foi ele, foi Sandro (referencia ao ex-namorado Edisandro)”.
Naquele momento momento, Tamara reconheceu Edisandro pela voz e compleição física, que estava usando roupas de cor preta e touca estilo ninja, também preta. As jovens foram socorridas por populares e moradores da área, enquanto o ex-militar evadiu-se do local, procurando pela ex-companheira de nome Elene Caves Cabral. A ex-companheira relatou que o réu recebeu uma ligação da irmã dele e que repetiu ao telefone “que não fez nada daquilo”, saindo em seguida, indo se refugiar na casa de um amigo no Distrito de Mosqueiro.
Edisandro, acompanhado de seu advogado confessou à policia que atirou nas jovens, porém afirmou que só queria dar um susto em Édrica. Segundo relatou à Policia Civil, primeiro, monitorou as vítimas e, quando elas estavam sozinhas em via pública, chamou o indivíduo de nome Lopes, a quem entregou o veículo para “dar um susto em Édrica”. Em seguida, Lopes teria ido buscar Edisandro numa praça do bairro Tenoné, ocasião em que entregou o veiculo ao então militar.
A polícia chegou ao acusado porque o veículo usado no crime estava alocado por três meses em nome de uma terceira pessoa e, posteriormente, sublocado para um outro indivíduo que chegou a pagar dez mil reais para rodar no carro, pelo Uber, na cidade de Abaetetuba.
O carro foi monitorado e apreendido dois dias depois pela Policia civil.
O processo, em função da suspensão, foi encaminhada à Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e depois encaminhada à Vara do Júri para realização do julgamento popular.