Em períodos de crise econômica no país, vale tudo para tentar reduzir os gastos e manter as contas em dia. No Brasil, a população tem sentido na pele que as coisas não vão bem.
Seis dos nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram alta em agosto no IPCA-15 – o período entre a última quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual, e é considerado uma prévia do IPCA final, que abrange o mês completo e é divulgado no mês seguinte.
O grupo “Transportes”, que inclui os combustíveis, foi a maior queda do mês (-5,24%). Um destaque foi a queda no preço do óleo diesel, que não vinha caindo no ritmo dos demais combustíveis por já ter regime tributário diferenciado e, portanto, não ter sido amplamente afetado pelos cortes de impostos. Contudo, o diesel teve o preço reduzido duas vezes pela Petrobras, com o cenário internacional mais favorável em agosto.
- A gasolina caiu 16,80% e teve a maior contribuição negativa ao índice (-1,07 p.p.);
- O etanol caiu 10,78%;
- O gás veicular caiu 5,40%;
- O óleo diesel caiu 0,56%;
- As passagens aéreas caíram 12,22%.
O grupo “Habitação” também teve queda com a energia elétrica mais barata devido aos cortes no ICMS.
- O preço da energia elétrica caiu 3,29% no IPCA-15 de agosto.
Na outra ponta, a maior alta veio do grupo “Alimentação e bebidas” (1,12%), que teve o maior impacto no valor final do IPCA-15 (0,24 pp) por sua importância na cesta de consumo dos brasileiros. Dentro desse grupo, a alimentação em domicílio subiu mais, 1,24%.
- O leite longa vida subiu 14,21% e acumula alta de 79,8% neste ano;
- Derivados como queijo (4,18%) também subiram;
- Frutas subiram 2,99%.
Já a alimentação fora do domicílio desacelerou, com alta de 0,80%, ante 1,27% no mês anterior.
O grupo “Educação” também foi um destaque e os preços aceleraram, de alta de 0,07% em julho para 0,61% em agosto.
- A creche subiu 1,47%;
- Ensino fundamental subiu 0,71%;
- Ensino superior subiu 0,44%;
- Os cursos diversos tiveram alta de 1,18%, puxados por cursos de idiomas (2,15%) e cursos preparatórios (2,04%).
EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA FAMÍLIA
Mesmo com as sutis diminuições nos preços de alguns produtos essenciais, a situação financeira das famílias continua “apertada”. É aí que entra uma alternativa para lidar melhor com a questão: a economia familiar. Dentro deste conceito, todos os integrantes do núcleo contribuem ativamente nas decisões financeiras, as quais visam a realização de sonhos, manutenção, sobrevivência e consciência, promovendo ainda um controle de gastos.
O diretor de Negócios da Sicoob Coimppa, Massimo Morais (MBA em Gestão de Cooperativas), falou com o BT sobre a importância de pensar as finanças em conjunto dentro da família. Ele explica que o hábito “fortalece a unidade familiar, haja visto que se um sair do foco o outro o lembra, gerando assim a conscientização, e cada etapa do planejamento concluída gerará uma sensação de bem estar e consequentemente equilíbrio”. Ele acrescenta que o planejamento não precisa ser inflexível, assim “pode ser necessário rever o plano, a fim de não perder o foco, evitando que se tenha desequilíbrio financeiro”.
Em caso de superendividamento, situação em que se encontram milhares de famílias brasileiras, a parceria da família em uma tomada de decisão e direcionamento do que fazer torna mais rápido o encontro o ponto de equilíbrio, como explica o especialista, e inclusive facilita a solução ou uma tomada de decisão.
As famílias com crianças também conseguem colocar em prática a economia familiar. Massimo revela que é importante para elas fazer parte do planejamento da família e os pais devem aproveitar a fase da infância, onde elas aprendem rápido “e essa facilidade oportuniza a formação da consciência em não desperdiçar, como por exemplo apagar a luz da sala quando sair e não tiver ninguém lá, fechar uma torneira ao escovar os dentes, pensar antes de comprar, saber a diferença em desejo e necessidade, se perguntar se precisa gerando hábito da preocupação do hoje para não faltar amanhã”, pontuou.
Desde ano de 2020 as cooperativas como o Sicoob Coimppa participam da Semana Nacional da Educação Financeira, promovendo de ações de educação financeira e participando da Estratégia Nacional da Educação Financeira (ENEF), onde são ministradas palestras sobre a educação financeira, junto a escolas, SEBRAE, entidades de classes e outras.
Confira mais dicas práticas de Mássimo para organizar as finanças:
Consciência- O nosso relacionamento com o dinheiro começa em termos consciência de quanto tempo de vida, esforço foi tomado para fazê-lo e depois de nos programarmos para utilizá-lo da melhor forma possível. Temos tanto medo de olhar o dinheiro de frente que sequer fazemos cálculo ou procuramos saída a partir da consciência da sua finidade e de sua relação com a nossa humanidade. Assim saberíamos dizer não para muitas coisas.
Organização- O correto seria nos organizarmos sobre o quanto de valor temos disponível para gastar com esse objetivo. É sempre importante termos, dentro de nosso orçamento, um percentual para o lazer.
Equilíbrio- Precisamos de um momento de descanso para desestressar e fazer a compensação da lida do dia a dia, contudo, não só o trabalho como o prazer deve ser medido, todas as vezes que esses aspectos da nossa vida estão em desequilíbrio adoecemos e tudo se torna uma bola de neve. Trabalhar muito faz mal, beber e comer muito também, assim como dizer sim para todos, por exemplo”.