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MoviMente | Setembro amarelo: Saiba o que fazer para ajudar alguém em sofrimento

A psicóloga Juliana Galvão fala sobre o que é o setembro amarelo e como agir para ajudar uma pessoa em sofrimento.

Sabes o que é o Setembro Amarelo? É uma campanha que visa mobilizar a sociedade para reflexões sobre a importância da prevenção ao suicídio. No Brasil, foi criado em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com a proposta de associar a cor ao mês, que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).

Talvez já tenhas visto postagens, cartazes, camisas, iluminação de locais públicos. Em amarelo. Para chamar a atenção sobre o debate. Importa? Sim. E importa muito que possamos ampliar as conversas sobre o assunto, de forma compreensível, buscando desmistificar muita coisa que ouvimos por aí.
Esse é um assunto para o ano todo.

Um estudo realizado pela Unicamp, apontou que 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. Em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade. (Fonte: CVV).

O que fazer diante desse quadro?

Uma medida muito importante é a Prevenção. As campanhas educativas, como Setembro Amarelo, mostram-se importantes no trabalho preventivo e informativo. Que possamos falar sobre o assunto nos mais diversos ambientes – trabalho, família, igreja, escola, enfim o debate precisa chegar a todos os locais. Importa lembrar que o assunto precisa ser tratado de forma séria e com responsabilidade. Não dá para associar o assunto a preconceitos e tabus de qualquer tipo. Vincular sofrimento e angústia à religião não é uma boa ideia, por exemplo. Outra ideia errônea (ainda) muito difundida é a de que quem tenta tirar a própria vida, só quer atenção. Não tem lógica nenhuma afirmações desse tipo. Precisamos parar de reproduzir essas ideias descabidas e violentas.

Sinais como isolamento, mudanças significativas no comportamento, perda de interesse por atividades que gosta, descuido com aparência, problemas com sono e alimentação são indícios de que algo não vai bem e é importante acompanhar de perto.

O que fazer para ajudar alguém em sofrimento?
Primeiro de tudo é importante que você se coloque disponível para ouvir. Sem preconceitos, sem julgamentos, sem colocar suas vivências a frente da dor do outro. Dizer “já passei por coisa pior” não ajuda, atrapalha. A escuta é essencial no processo de apoio a quem sofre. Essa conversa pode obter melhores resultados se for feita em um lugar tranquilo, sem pressa, respeitando o tempo da pessoa para se abrir.
Cuidado com o que diz e como você reage ao que o outro diz. “Vai passar” não é uma boa alternativa. Você pode tentar algo como: “imagino que deve estar muito difícil para você. Por isso gostaria de te ajudar. O que você acha?” é um bom começo. E espere como a pessoa irá reagir. Se ela não tiver condições de avaliar o que você disse, procure sugerir o atendimento com um psicólogo e/ou psiquiatra, inclusive mostre que você (ou outra pessoa, se for o caso) pode ir junto na consulta.

Fique atento aos sinais e caso a pessoa expresse a intenção de tirar a própria vida ou fale algo como: “não estou aguentando mais”, “quero desistir”, “quero que tudo acabe” não a deixe sozinha e procure orientar sobre a ajuda profissional o mais rápido possível ou mesmo indique o CVV (uma organização não-governamental atuante na prevenção ao suicídio), que além de material disponível na rede (nos links indicados abaixo) disponibiliza 24h/dia, todos os dias, gratuitamente, serviço de escuta pelo número 188 ou pelo chat disponível na página da internet, com sigilo garantido.

Links do CVV acesse clicando aqui ou no site do setembro amarelo clicando aqui

NÃO COMPARTILHE INFORMAÇÕES SOBRE CASOS DE ATENTADO CONTRA A PRÓPRIA VIDA

Importante: não compartilhe notícias ou qualquer conteúdo que contenha detalhes sobre o método utilizado por pessoas que tenham atentado contra a própria vida. É um gatilho e pode provocar reações difíceis a quem esteja vivenciando o sofrimento relacionado ao suicídio.

Não podemos esquecer que essa é uma conversa para o ano inteiro!
Até a próxima!

MAIS CONTEÚDO

Ouça o podcast da psicóloga Juliana Galvão no Spotify clicando aqui.

Juliana Galvão
Psicóloga
CRP 10/3645