Se alguém aí quiser virar deficiente, avisa para nós cortar o dedo, sei lá, dar um tiro no joelho, furar o olho, pra gente poder cumprir os deficientes”. “Quem tiver um deficiente conhecido, por favor, traga pelo cabelo”.
O empresário, Gustavo Malucelli Bacila, CEO da Baston, empresa de aerossóis em Palmeiras, no Paraná, disse, em um grupo de WhatsApp, reclamando do Ministério Público do Trabalho, depois de uma multa a sua empresa em R$ 150 mil por não cumprir regras de contratação de PCDs (Pessoas com Deficiência).
No áudio, Bacila reclama que “esse é o país que eles querem”, fazendo referência à lei trabalhista que determina uma cota de 2% a 5% dos seus cargos de funcionários com beneficiários reabilitados do INSS ou pessoas com deficiências (PCD) nas empresas com 100 ou mais empregados, nas seguintes proporções: até 200 empregados, 2%; de 201 a 500, 3%; de 501 a 1.000, 4%; e de 1.001 em diante, 5%.
A empresa ganhou destaque após divulgar seu principal produto, o desodorante Above, durante o Big Brother Brasil, em um investimento milionário. Em nota, Bacila diz que o áudio foi retirado do contexto e argumenta que o áudio vazou de um grupo de trabalho interno. A declaração causou revolta.
REPERCUSSÃO
Marina Batista, ativista anticapacitismo do Rodando Pela Vida, classifica a declaração de Baciela como capacitista. “Essa fala repugnante deixa explícita a forma que os empresários brasileiros percebem as pessoas com deficiência. São pessoas desatualizadas e descoladas da realidade, da modernização dos recursos humanos, que busca a diversidade e inclusão”.
“Será que o RH da empresa é capacitado para esse tipo de trabalho inclusivo? São as pessoas com deficiência que não existem ou são os métodos de captação de pessoas que são inadequados? Quais são as vagas que estão disponíveis?”, questiona a ativista.
“Não existem pessoas com deficiência vinculadas apenas na APAE, ela é apenas uma das várias instituições que atendem pessoas com deficiência e a APAE atende apenas algumas das diversas formas existentes de ser uma pessoa com deficiência. Alegar inexistência de pessoas com deficiência na sua região ou sua falta de capacitação é um pretexto antigo e totalmente irreal que empresas utilizam para a não contratação de pessoas com deficiência e não o cumprimento das cotas”, continua.
“Basta uma simples busca na rede social utilizada para fins profissionais e se encontra um número significativo de pessoas com deficiência em busca de uma vaga, inclusive pessoas extremamente qualificadas em suas áreas. É uma fala extremamente capacitista, ignora toda opressão social e falta de acessibilidade que pessoas com deficiência enfrentam todos os dias e, conclama pessoas para se tornarem pessoas com deficiência como se isso fosse algo que trouxesse apenas benefícios como uma vaga de emprego garantida. Além disso, em tempos tão difíceis se utiliza e reforça a imagem popular de que pessoas com deficiência não querem ou não podem trabalhar”, finaliza.
A frases foram ditas por Gustavo Malucelli Bacila, CEO da Baston, empresa de aerossóis em Palmeiras, no Paraná, em um grupo de WhatsApp. O presidente da Baston reclama que o Ministério Público do Trabalho multou a empresa em R$ 150 mil por não cumprir regras de contratação de PcDs.
*Com informações do site jornalistaslivres.org