O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) enviou um ofício ao presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, cobrando informações sobre o uso de verbas públicas para bancar relatório que questiona a segurança das urnas eletrônicas. O PL é o partido ao qual está filiado o presidente Jair Bolsonaro.
O ofício foi enviado horas depois de o tribunal abrir uma apuração contra o documento, cujas conclusões foram classificadas pela Corte como “falsas e mentirosas”.
“Requisito a Vossa Senhoria informações sobre o uso de recursos públicos oriundos do Fundo Partidário na contratação de serviços que resultaram no documento ‘Resultados da auditoria de conformidade do PL no TSE'”, cobrou Gonçalves.
O ministro deu o prazo de 24 horas para receber as informações.
No relatório intitulado “Resultados da Auditoria de Conformidade do PL no TSE”, o partido acusa o tribunal de “atraso” no processo de apuração eleitoral e descreve, sem apontar como, a possibilidade de manipulação do resultado da eleição. O relatório tem 130 páginas e conta com o resumo executivo de duas páginas.
Uma reportagem da Folha de S. Paulo de hoje (29) mostra que o PL pagou ao menos R$ 225 mil ao IVL (Instituto Voto Legal), responsável pela produção do relatório que questiona as urnas eletrônicas.
O documento foi divulgado a quatro dias das eleições e no mesmo dia em que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse durante visita ao TSE que não há “sala secreta” de apuração de votos, contradizendo declarações infundadas de Bolsonaro.
A auditoria afirma ainda ter encontrado um “quadro de atraso” no tribunal no que se refere à segurança de informação e que o quadro “gera vulnerabilidades relevantes”, podendo resultar em “invasão interna ou externa nos sistemas eleitorais”.
Mais cedo, os ministros Alexandre de Moraes e Rosa Weber, presidentes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF (Supremo Tribunal Federal), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), saíram em defesa do sistema eleitoral em evento com visitantes de 26 países.
Sem mencionar o documento do PL, os três reafirmaram a segurança do processo e ressaltaram que é preciso “proclamar a irrestrita confiança” à Justiça Eleitoral e a legitimidade dos resultados das eleições.
Em fala para visitantes internacionais convidados pelo TSE para acompanhar a votação, Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral manterá o seu papel para garantir eleições seguras e transparentes.