Os ataques contra nortistas e nordestinos continuam acontecendo neste período eleitoral por conta de divergências políticas. Em Curitiba (PR), mais uma paraense foi alvo de preconceito por um nativo do estado.
A jovem, nascida em Ananindeua (PA), vive em Curitiba há 7 anos e o homem que cometeu o crime é seu ex-colega de trabalho. Ela conta que replicou em seus stories do Instagram vídeos com conteúdo de apoio ao candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.
Em seus comentários de intolerância, o paranaense afirma que na região sul do país, “a maioria é de direita, e os governos também”, e sugeriu que ela fosse embora de Curitiba. “É só voltar lá pra cima no paraíso da esquerda. estranho, né muita hipocrisia”, disse o curitibano, se referindo ao fato de a jovem morar em uma região que majoritariamente rejeita a esquerda.
As ofensas continuaram e o sulista, que não conhece o mapa do próprio país, afirmou que “por Deus e tudo o que é mais sagrado, não vão transformar o resto do país em nordeste”, errando o fato de que a vítima é natural do norte e não do nordeste.
Em conversa com o BT, a paraense disse ter ficado chocada com a violência sofrida e revelou que nunca havia sentido medo de expressar sua opinião política, o que constatou estar sentindo no atual cenário político do país.
ATAQUES DE XENOFOBIA
Só na semana passada, o BT publicou dois casos de xenofobia contra nordestinos e nortistas, que ganharam repercussão nacional.
Em meio a onda de comentários xenofóbicos direcionados ao povo nordestino na internet, o presidente Bolsonaro, em sua live da última quarta-feira,5, associou a votação do candidato Lula (PT) na região ao analfabetismo. O ex-presidente ganhou em todos os estados do Nordeste conquistando uma vantagem de 10,96% dos votos em relação ao atual presidente e saiu vencedor em boa parte do Norte do país.
A ONG de proteção dos Direitos Humanos no ambiente digital, Safernet, constatou a partir de uma pesquisa o aumento dos ataques em época de eleições.
Um dia após o pleito do dia 2 de outubro, a Organização recebeu 348 denúncias de Xenofobia contra dez relatos do dia anterior. Com relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento é avassalador, visto que a instituição só recebeu uma denúncia.
O levantamento realizado no primeiro semestre deste ano, apontam que as denúncias de crimes que envolvem discurso de ódio na internet cresceram 67,5% no primeiro semestre de 2022 na comparação com o mesmo período de 2021. Já em relação a 2017, 2018 apresentou um crescimento de 595,5% nos registros. De 2019 para 2020, o aumento foi de 111,20%.