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Caso Giugni: defesa de Juliana afirma que pedido de prisão ignora perícias e provas que inocentam a acusada  

O caso do brutal do assassinato de Arlene Giugni, que foi morta com golpes de faca em Janeiro deste ano, teve mais uma reviravolta com a prisão de Juliana Giugni, filha da vítima, e acusada de ser a autora do crime. No entanto, a defesa de Juliana acusa o Ministério Público de ignorar resultado de perícias que garantem a inocência da acusada, além de se apoiar em acusações inconsistentes feitas pela namorada do réu confesso, Leonardo Felipe Giugni Bahia.

A advogada Juliana Giugni e sua mãe, Arlene Giugni, assassinada em janeiro de 2022. Imagem: reprodução redes sociais

Juliana se entregou à justiça logo após ter a prisão decretada, na noite da última sexta-feira, dia 14, e está presa no Centro de Reeducação Feminina do Coqueiro. Segundo nota da defesa de Juliana à imprensa, a acusada se entregou à justiça por ter interesse em provar sua inocência e também em esclarecer que o único autor do crime seria Leonardo Felipe Giugni Bahia, seu irmão e o primeiro apontado como responsável pelo brutal assassinato. 

A TESE DA DEFESA DE JULIANA

A defesa de Juliana afirma que se baseia em provas periciais, resultado de 7 Laudos Técnicos da Polícia Científica do Estado do Pará. “Laudos esse que estranhamente o Ministério Público vem omitindo em suas declarações, mesmo estando no processo, e constataram que a autor do crime agiu do mesmo modus operandi com ambas as vítimas (Arlene e Juliana)”, diz Rodrigo Godinho, advogado de defesa de Juliana em documento enviado à imprensa. 

Segundo a defesa, todas as provas apontam para Leonardo como único autor do crime. “Amostras recolhidas das unhas da mão direita da vítima, Arlene, onde estaria pêlo e pele de Leonardo, o que mostraria uma tentativa de defesa de sua mãe para o ataque”, diz o documento. 

O material genético de Leonardo estaria, segundo a perícia, também no cabo da faca e na lâmina utilizada para os crimes. Ainda de acordo com a defesa de Juliana, foram encontrados vestígios de sangue de Arlene e Juliana na bermuda que o acusado usava no dia do crime.

O advogado de defesa também afirma que outro laudo pericial inocenta Juliana, mas teria sido interpretado de forma errônea pelo Ministério Público. Este laudo usa o mesmo método de um caso que ficou famoso no Brasil. “O método pericial que ganhou destaque no caso de menina Isabella Nardoni, pois foi através deste método pericial que se identificou como teria ocorrido os fatos.”, declarou Godinho. 

A menina Isabella Nardoni, de 5 anos, arremessada pela janela do sexto andar do edifício London, localizado na Zona Norte da cidade de São Paulo em março de 2008.

A defesa de Juliana afirma que foi encontrado um amolador de faca na mesa de cabeceira do quarto de Leonardo, o que demonstraria, segundo o advogado de Juliana, a premeditação do crime. Ainda segundo a defesa, foram encontradas outras evidências no banheiro de Leonardo. “No banheiro fora encontrado sangue na pia, na bancada, na toalha de rosto amarela e um papel ensanguentado, sendo que a perícia revelou que sangue encontrado no local e nos objetos tratava-se de sangue das duas vítimas”, diz a nota. 

A NAMORADA DE LEONARDO 

Segundo a defesa, um dos pontos que a ação do Ministério Público se baseia para acusar Juliana, são as declarações da namorada de Leonardo, Annanda Márcia de Lima Ferreira. Annanda teria levantado suspeita sobre Juliana, alegando que Leonardo foi coagido a confessar o crime, já que Juliana teria o ameaçado. A defesa alega que a companheira de Leonardo teria “ reais e claros interesses em atribuir a autoria do crime a outra pessoa para libertar seu namorado”, diz a nota.  

PRISÃO PREVENTIVA 

A prisão preventiva aconteceu após ser feito um boletim de ocorrência registrado por Annanda Ferreira, porém não assinado pela mesma, e o Ministério Público entendeu que se tratava de intimidação de testemunhas, portanto Juliana estaria atrapalhando as investigações. O B.O acusa Juliana de obrigar Leonardo a confessar o crime, alegando que do contrário “ela iria lhe tirar os bens mais preciosos, os quais seriam Annanda e sua filha”, explica Godinho em nota.

Outro ponto que motivou o pedido de prisão seria que Juliana retirou o colchão do local do crime, segundo a acusação, para ocultar provas do assassinato. No entanto, a defesa afirma que, depois de oito dias do crime, com autorização do delegado do caso, Eduardo Rollo, o colchão estava cheirando mal, e então Juliana retirou do apartamento a pedido da família.  

PRISÃO DE LEONARDO 

Leonardo Felipe Giugni Bahia, filho da vítima e réu confesso do crime ocorrido em janeiro deste ano

Logo após o crime, que aconteceu em um prédio residencial no bairro de Batista Campos, em Belém, no dia 18 de janeiro, o outro filho da vítima, Leonardo Felipe Giugni Bahia, foi preso em flagrante e na época, confessou a autoria do assassinato. Também foi afirmado que Leonardo teria tentado matar a irmã, Juliana, da mesma forma, com golpes de faca. O argumento na época, foi que Leonardo teria tido um surto psicótico. 

Este argumento mudou meses depois, em junho deste ano, quando o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) apontou que o feminicídio teria sido cometido por Juliana. Após essa mudança, Leonardo foi apontado como coautor do crime e acusado de tentar matar a irmã. 

MINISTÉRIO PÚBLICO 

Sobre as acusações que a defesa faz acerca da atuação do Ministério Público, nós entramos em contato com o MP, mas ainda não obtivemos resposta.