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Primeiro debate presidencial do 2° turno é marcado por troca de acusações; Veja o que aconteceu

Os candidatos à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) participaram na noite deste domingo, 16, do primeiro debate do segundo turno das Eleições. O debate foi um pool entre TV Band, TV Cultura, UOL e Folha de S. Paulo e bateu record de audiência em uma live jornalistica.

Farpas foram trocadas entre os candidatos que tiveram uma hora de confronto direto entre os blocos que também contaram com perguntas de jornalistas.

DISCUSSÃO ENTRE CANDIDATOS:

O primeiro bloco do debate foi marcado pela discussão entre Bolsonaro e o ex-presidente Lula sobre a vacinação e a pandemia de COVID-19. Também foi discutido sobre o pagamento de auxílios como Bolsa Família e Auxílio Brasil e as obras realizadas em governos anteriores. Lula e Bolsonaro caminharam pelo palco do estúdio e fizeram comentários e perguntas livremente.

Lula citou o combate à pandemia ao dizer que, do total de mortes em todo o mundo, 11% foram de brasileiros – enquanto a população do país representa 3% dos habitantes do mundo. “Porque houve demora para comprar vacina? Você não carrega nas costas o sofrimento dos brasileiros por ser o responsável por 400 mil mortes no Brasil?”, perguntou Lula.

Bolsonaro afirmou que a condução da pandemia em seu governo foi positiva: “Em janeiro de 2021 começamos a vacinar, compramos 500 milhões de doses de vacina, todos que quiseram tomar, tomaram.”, disse Bolsonaro.

CRIMINALIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA:

Bolsonaro sugeriu que Lula tinha relação de amizade com o narcotraficante Marcola e que havia traficantes de droga durante uma caminhada do ex-presidente no Complexo do Alemão. “Você tem amizade com bandido. Eu conheço o Rio de Janeiro. Você esteve no Complexo do Salgueiro, não tinha nenhum policial ao seu lado, só traficante. Tanto é sua afinidade com eles que, nos presídios do Brasil, você teve quatro de cada cinco votos”, acusou Bolsonaro sobre a população do Alemão.

Em resposta, Lula disse que construiu cinco presídios de segurança máxima durante seu governo e respondeu sobre sua atividade de campanha no Alemão. “Sou o único com coragem de entrar em uma favela sem colete de segurança. Bolsonaro é amigo dos milicianos. Na favela tem um povo extraordinário e fizemos uma passeata exuberante. Não tem bandido na passeata, tem mulheres e homens que trabalham. Não foram os presos que votaram em mim, foi o povo brasileiro que me deu 6 milhões de votos a mais para mim”, afirmou Lula

PERGUNTAS DOS JORNALISTAS:

No segundo bloco, jornalistas fizeram perguntas sobre temas escolhidos previamente.

A jornalista Vera Magalhães, da Cultura, perguntou sobre a separação entre os Poderes e propostas que querem tirar poder do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Já tivemos experiência na ditadura militar, quando o general passou o número de ministros de 11 para 17 e depois tirou cinco que ele não gostava. Você não indica ministro para te beneficiar. Tem que ter currículo, história, biografia. Estou convencido de que mexer no STF para colocar amigo, partidário, é um atraso que a República já conhece e eu sou contra”, disse Lula sobre o tema.

Bolsonaro, negou que não alteraria o número de ministros do STF.

“O PT tem sete ministros indicados, eu tenho dois. Caso seja reeleito, tenho direito de indicar mais dois. Eu ficaria com quatro e o PT com cinco. O senhor só é candidato por causa de um ministro cabo eleitoral de Dilma e que foi indicado por ela, o ministro Fachin. Só está disputando aqui por obra e graça de um amigo do PT”, acusou Bolsonaro.

O jornalista, Rodolfo Schneider, perguntou sobre economia e política de preços de combustíveis.

Bolsonaro, primeiro a responder, afirmou que o valor das cestas básicas caíram e que o combustível está mais barato: “Eu sancionei a redução do teto do ICMS para 17% e, como presidente, abri mão de todos os impostos federais dos combustíveis. Essa proposta, todos os senadores do PT votaram contra. Isso puxou o preço lá para baixo e estamos com três meses com deflação. Os produtos da cesta básica caíram 20%. Temos, hoje, uma das gasolinas mais baratas do mundo”, alegou.

Ao responder a mesma pergunta, Lula criticou a privatização da BR Distribuidora.

“Hoje, o Brasil só refina 80% da gasolina, antes era 100%. Parou de refinar, vendeu a BR e hoje temos 392 empresa importando gasolina dos Estados Unidos, sem pagar imposto e com preço dolarizado. Não tem que ser dolarizado, a gente explora em real, paga salários em real. Acredito piamente e sou contra privatização”, disse o ex-presidente.

A jornalista Patrícia Campos Mello citou que o TSE já retirou diversas peças de campanha eleitoral por causa propagação de notícias falsas as “fake news” e criticou as campanhas.

Lula, primeiro a responder, disse que há 36 processos no TSE contra a campanha de Bolsonaro: “Trinta e seis processos de fake news que o TSE tirou dele. mentir faz parte do cotidiano dele. Ele levanta de madrugada e conta mentira. Já participei de campanhas contra FHC, Collor, Serra e o nível era outro, a verdade prevalecia e a gente debatia o futuro do país, trabalho, economia e salário”, afirmou.

Bolsonaro rebateu: “Lula, se você não mentisse, não seria você. Me chama o tempo todo de genocida, miliciano, canibal. Seu programa me acusou de pedofilia, tentando me atingir no que é mais sagrado para mim, a defesa das famílias brasileiras.”, disse Bolosnaro.

O terceiro bloco, os candidatos novamente fizeram perguntas um para o outro com 15 minutos para que cada um pudesse fazer perguntas e responder de forma livre. O debate girou em torno de assuntos como o Petrolão, economia brasileira e desmatamento da Amazônia.

“Foi um escândalo sem tamanho, os delatores devolveram R$ 6 bilhões. Você entregou para partidos políticos as diretorias da Petrobras, fez leilão em troca de apoio no Parlamento.” acusou Bolsonaro.

“As pessoas confessaram, delataram que houve roubo na Petrobras e pode ter havido”, disse Lula

O petista tentou fazer com que o presidente Bolsonaro comentasse sobre reajustes do salário mínimo e disse que nos quatro anos de mandato, o candidato à reeleição não autorizou aumento real para o salário mínimo.

“Faz quatro anos que não dá aumento real para salário mínimo. São 36 milhões que ganham salário mínimo no Brasil e que estão sem receber aumento real. No meu governo, 74% de aumento real”, afirmou Lula. Bolsonaro rebateu o argumento com números da pandemia.

“Dá um Google aí: em 2015 e 2016, no governo do PT, a economia caiu 7%. Tinha pandemia? Tinha guerra? Tinha era corrupção em abundância no Brasil. Em dois anos, você perdeu 7%, sem pandemia, sem falta d’água e guerra lá fora. Há uma diferença enorme entre meu governo e o seu”, afirmou.

“Meu governo foi o mais exitoso da história”, rebateu Lula, “colocamos 42 milhões em um padrão de consumo de classe média. Tivemos o menor desmatamento da Amazônia e o seu é o maior todo ano. Vocês estão brincando de desmatar, de abrir a cerca, de derrubar árvores”, afirmou.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Em sua última fala no debate, Bolsonaro disse que deseja um país livre e com liberdade de expressão e pautou seu discurso em proibição de drogas, a liberdade religiosa e o aborto.

Já Lula, em suas considerações finais no fim de debate, rebateu Bolsonaro, usando como argumento o fato de ter sancionado a lei de liberdade religiosa. O candidato também afirmou que o atual presidente é um “ditadorzinho” que quer “ocupar a Suprema Corte”. Ele também afirmou que vai governar para tirar a população da extrema pobreza.

Com informações de Radio Itatiaia