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BT PET | A castração muda o temperamento dos animais?

As dúvidas que surgem acerca da castração de animais são sempre pertinentes. Por isso, o BT chamou a veterinária Luanna Vasconcelos (@luanna.ecgvet) para falar sobre o assunto. Olha só!

Essa dúvida aparece com bastante frequência entre tutores e muitos ainda acreditam ser verdade. Alguns dizem não castrar seu cão ou gato porque o bichinho “vai ficar besta” (acreditem, já escutei muito essa justificativa). Outros têm medo do procedimento anestésico em si, medo do pós-cirúrgico… A questão é que se trata de um tema que precisa ser esclarecido, pois a castração tanto de machos quanto de fêmeas pode ser um procedimento bastante benéfico.

Respondendo a pergunta inicial: não, a castração não é capaz de mudar o comportamento de um animal. E vocês já vão entender o motivo.

Basicamente, quando se castra um bichinho, é realizada a remoção dos testículos, no caso do macho, ou do útero e ovários, no caso da fêmea. Testículos e ovários são responsáveis pela produção dos principais hormônios reprodutivos (testosterona e estrogênio, respectivamente), ou seja, quando se realiza a castração, é cessada a produção desses hormônios. Há comportamentos que sim, são influenciados por hormônios sexuais, como aqueles manifestados em um contexto reprodutivo, por exemplo. Machos que agem de modo agressivo na determinação do seu território enquanto alfa, bem como na proteção da fêmea de seu interesse, muitas das vezes o fazem sob o estímulo da testosterona (principal hormônio reprodutivo masculino). Fêmeas que fogem de casa no cio o fazem sob estímulo hormonal também, pois vão à procura de um macho para a cópula.

Contudo, há comportamentos adquiridos que não são  perdidos com a castração. Um cão ou gato muito danado não necessariamente vai ficar mais calmo ao ser castrado. É necessário entender o por quê desse comportamento mais agitado: se a raça escolhida por natureza tem muita energia, se a rotina da família inclui dar atenção suficiente ao bichinho, se há espaço para brincar livremente em casa…

Um pet agressivo sempre que manipulado (na hora de dar remédio, ou mesmo de dar banho) não necessariamente o deixará de ser diante da castração, pois às vezes a agressividade se dá por medos ou traumas que precisam ser entendidos para serem trabalhados, um a um. Há um conjunto de fatores a serem avaliados sempre, percebem?

A consultoria comportamental, de preferência realizada por um médico veterinário especializado na área, analisa não apenas os comportamentos manifestados, mas também o organismo como um todo, visto que alguns comportamentos podem estar associados a condições que levem a desequilíbrios hormonais importantes, como aquelas que levam ao aumento de cortisol, o famoso hormônio do estresse. Por isso que às vezes o que deu certo na criação do pet do seu vizinho não deu certo com o seu: porque cada caso é um caso e cada animal deve ser avaliado individualmente.