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Seca severa no Amazonas causa morte de milhares de peixes no município de Coari

Nesta quinta-feira (10), um vídeo foi divulgado nas redes sociais mostrando milhares de peixes boiando nas águas da comunidade Paraná do Jussará, em Coari, no Amazonas. O fenômeno ocorreu por conta da seca severa registrada em todo o Amazonas, segundo especialistas.

As imagens que circulam nas redes sociais mostram claramente a grande quantidade de peixes mortos, que formam praticamente um tapete acima da água do lago. Essa região de Coari é muito conhecida e frequentada por pescadores, por conta do alto índice populacional da fauna de peixes (ictiofauna). 

Vídeo: Reprodução.

Em conversa com o biólogo Basílio Guerreiro, ele explica as especificidades das águas do município afetado pelo caso citado. “Para Coari, especificamente, por ser um rio muito rico em diversidade de organismos, sofre um pouco mais, isso porque há uma maior demanda de oxigênio; junto com a alta atividade antrópica e o excesso de matéria orgânica na água, agrava ainda mais o problema. Todos os corpos d’água da Amazônia estão suscetíveis a esse processo”

A causa da morte em massa dos animais que vivem ali se deu por conta da estiagem que está assolando o Amazonas, mostrando não só a situação emergencial em que o estado se encontra, mas quais são os efeitos que as mudanças climáticas causam em locais mais próximos do que muitos imaginam. 

Imagem: Reprodução G1.

Basílio ainda fala um pouco sobre como esse tipo de situação pode ser evitada e combatida, principalmente pelos governos, mas pela população em geral também.“Uma boa alternativa para tentar diminuir o impacto é investir em tratamento de esgotos […] Além disso, é de extrema importância fazer a retirada dos peixes mortos para tentar manter a estabilidade da atividade bacteriana que consome oxigênio. Reparar os danos é muito mais trabalhoso, mas há diversos sistemas que podem oxigenar a água do rio e manter os organismos aquáticos vivos, e claro, torcer por chuvas o mais rápido”, completa.

O biólogo ainda explica como funciona o período de estiagem na Região Norte e reforça as mudanças climáticas como amplificadora das secas mais severas. “Todos os anos a Região Norte passa por períodos de estiagem e, em uma visão geral, imaginamos que são ciclos bem sincronizados, com data para início e fim, entretanto, os ciclos obedecem às condições climáticas relacionadas com as agressões que o meio ambiente tem sofrido nos últimos anos”, disse Guerreiro.

Segundo relatório divulgado pela Defesa Civil do Amazonas nesta quarta-feira (9), o número de municípios que se encontram em situação de emergência é de oito no total. Além do Coari, estão incluídos Marãa, Japurá, Tefé, Uarani, Benjamin Constant, Amaturá e Alvarães. O documento também relata que há 43 municípios em estado de atenção e outros 5 estão em alerta. 

O acompanhamento feito diariamente pela Defesa Civil possui três tipos de classificação de gravidade, respectivamente: atenção, alerta e emergência.