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Imagens do ataque golpista foram preservadas e entregues à PF, diz ministro do GSI

As câmeras registraram detalhes do ataque como as perfurações na tela As Mulatas, do artista plástico Di Cavalcanti

Via Agência Pública, por Caio de Freitas Paes, Rubens Valente.

Dois ministros do governo Lula confirmaram à Agência Pública que o ataque golpista ao Palácio do Planalto neste domingo (8) foi registrado pelas diversas câmeras do circuito interno e externo do prédio e que o material servirá para identificar e punir os agressores. O general da reserva Gonçalves Dias, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), disse que os vídeos foram preservados e entregues ainda no domingo à Polícia Federal e ao “comandante do Exército”. Com o acompanhamento do STF (Supremo Tribunal Federal), a PF investiga o ataque às instituições executado contra as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário pelos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O ministro da Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência, Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que as imagens estão sob responsabilidade do GSI. Minutos depois, Dias explicou que enviou as imagens tanto à PF quanto ao Comando do Exército.

A Pública solicita à Secom desde terça-feira (10) o acesso a uma cópia das imagens, mas não houve resposta até o fechamento deste texto. Dias afirmou que não teve tempo de analisar o material, mas que as câmeras conseguiram registrar detalhes do ataque, citando o caso das perfurações na tela As Mulatas, do artista plástico Di Cavalcanti, que fica no terceiro andar do Planalto.

Dias negou que, durante o ataque, o GSI tenha feito pedidos que não foram atendidos pelo BGP (Batalhão da Guarda Presidencial), unidade do Exército subordinada ao Comando Militar do Planalto e que tem por tarefa a proteção do palácio. Segundo o ministro, os procedimentos para defender o palácio seguiram “o protocolo” e não houve falhas no perímetro sob responsabilidade do GSI e do Exército. Ele atribui o resultado – a invasão do prédio e a destruição de várias obras de arte, vidros, janelas e móveis – às falhas da Polícia Militar do Distrito Federal que ocorreram antes da Praça dos Três Poderes. Ele também citou que a PM não fez um cordão de proteção ao palácio que, segundo ele, deveria ter sido feito.

Dias calculou que cerca de 4 mil pessoas participaram diretamente do ataque ao Palácio do Planalto e que a estimativa do governo é que “de 20 mil a 30 mil” golpistas se reuniram na Esplanada dos Ministérios. Ou seja, de 13% a 20% de todos os golpistas teriam conseguido chegar à sede do Executivo. Assim, disse o ministro, não foi possível controlar a entrada da multidão. Dias disse que o GSI tinha “200 servidores” atuando na defesa do palácio no momento do ataque. Além disso, havia tropas do BGP e também uma tropa da PM dentro do prédio. Mesmo assim, não conseguiram conter o avanço dos invasores.

Segundo o ministro, “o BGP está trabalhando sobre o protocolo existente, que é antigo. Eu mudei o protocolo e as pessoas [efetivo] são equivalentes à ameaça, e não era para ter chegado aqui. Era pra ter sido bloqueado lá em cima”.

“Tem um protocolo existente, que foi aplicado; os bloqueios, que deviam ser feitos, não foram feitos… então ‘despejou’ [gente]. É igual você pegar um balde d’água e jogar na cabeça de alguém. Houve um conjunto de erros do status quo da realidade do momento”, disse o ministro.

Dias confirmou que a tropa de choque do BGP estava posicionada na garagem do Planalto no momento do ataque, que é o local designado regularmente pelo protocolo. “Toda a parafernália do BGP estava aqui, mas, na realidade, de acordo com o protocolo, primeiro nós empregamos a Polícia [Militar], que deve ficar em linha, à frente da primeira tropa [do BGP], mas na hora [do confronto] não tinha como. A situação foi diferente do protocolo. Nós trabalhamos em conjunto com a polícia, mas a polícia não cumpriu os protocolos de bloqueios.”

Sobre um vídeo que circula nas redes sociais mostrando um atrito entre um coronel da PM e um oficial do Exército no momento do ataque, Dias disse que houve apenas um desencontro de informação. “A [primeira] ordem era tirar todo mundo daqui, de cima para baixo, mas eu mudei a ordem e mandei prender. Fiz uma varredura, de cima a baixo, e mandei prender. Porque se mandasse prender desde o início, ‘vazava’ [a multidão fugia], mas mudei a ordem e prendemos”, disse Dias.

Em vídeo divulgado pelo Diário do Nordeste, coronel do exército tenta impedir PM de prender terroristas no Planalto.

“O coronel não sabia da ordem, de mandar prender. Primeiro a ordem foi para o Bope, depois para o coronel, por isso o desentendimento. Mas foi uma informação passada na hora do confronto.” De acordo com o militar, só do Planalto “saíram quatro ônibus” cheios de presos.

Texto: apublica.org.