Participantes de grupos bolsonaristas no app de mensagens Telegram foram pegos de surpresa na tarde desta quarta-feira, 11, após, por decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, serem derrubados. O bloqueio dos chats gerou uma corrida desesperada por parte dos participantes em busca de vias alternativas de manter o contato.
De acordo com Malu Gaspar, colunista do Globo, o clima nos grupos é de muita “desconfiança e paranoia”, e que as determinações do STF “caíram como uma bomba” nos grupos criados em substituição aos bloqueados. Existe um medo da presença de “infiltrados esquerdistas”.
“Meu coração transborda de tanta tristeza, medo e depressão. Tô apavorada com o que vem pela frente. Vou perder os meus filhos pra esse comunismo maldito”, disse uma apoiadora de Bolsonaro em um dos grupos.
A deliberação de Moraes foi uma resposta a um pedido da Advocacia-Geral da União no STF na última terça-feira, 10. Nessa semana, o governo Lula havia identificado uma suposta ameaça golpista e notificou ao Supremo uma lista de 46 grupos no Telegram com possíveis conteúdos relacionados a isso.
O Telegram permite grupos com dezenas de milhares de participantes, e é, hoje, a ferramenta de comunicação mais usada pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Participantes dos grupos derrubados buscaram alternativa no Signals, aplicativo de mensagens que já havia se tornado popular entre integrantes do STF e parlamentares após o vazamento de diálogos comprometedores entre procuradores da Lava-Jato e o então juiz Sergio Moro.
Segundo Malu Gaspar, a maior preocupação dos bolsonaristas é com o recolhimento de informações sobre os terroristas presos após os ataques do último domingo, 8.
“Sem os grupos do Telegram vai ficar mais difícil receber os vídeos de lá. Demoram para chegar no Twitter”, escreveu uma bolsonarista em grupo do Signal. “Vão cair no esquecimento”, lamentou outra. “A minha única preocupação hoje é como tirar esses irmãos daquele lugar. Estou me sentindo um lixo”, declarou outra participante de um dos grupos.
Houve tentativa de driblar o bloqueio iminente, através de mudança dos nomes de alguns grupos, que falhou, pois cada chat é identificado por um código eletrônico único. Porém, o monitoramento do Globo já identificou a criação de grupos com nomes e descrições sem relação com política, bolsonarismo ou revoltas, em uma tentativa de despistar o monitoramento e possíveis novas decisões do STF.
No Signal foram adotado nomes como “Aquarela” e “Salvação”, nesses chats, os comentários são sobre a derrubada do PT do poder, e a elaboração de uma tese, que diz que o ministro Alexandre de Moraes é o único motivo de Lula estar na presidência.
“Tinha que morrer”, escreveu uma extremista. “Mas vai (morrer), em breve. Amém”, respondeu outra. “Deus te ouça. Que alguém acabe com ele”, retrucou a primeira.