/

Alta do câmbio valorizou aplicações de Paulo Guedes em paraíso fiscal

Fortuna de Guedes cresceu quase R$ 15 milhões desde que ele se tornou ministro.

O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) obteve documentos que comprovam que Paulo Guedes, ministro da Economia, fundou uma empresa fora do Brasil para proteger sua fortuna. Funcionários do alto escalão são proibidos pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais.

Segundo o ICIJ, Guedes fundou uma offshore (empresa aberta em territórios onde há menos tributação para fins lícitos) nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal do Caribe, em 2014, após a intervenção do Banco Central para conter a alta do dólar em meio à iminente reeleição de Dilma Rousseff à presidência. 

Nos meses seguintes, Guedes aportou na conta da offshore US$ 9,55 milhões, equivalentes a R$ 23 milhões na época. Com a taxa de câmbio atual, o valor corresponde hoje a R$51 milhões, ganho de R$ 14, 5 milhões desde que ele assumiu o cargo.

Guedes disse que informou à Comissão de Ética sobre seus investimentos no exterior em 2019. A Comissão só julgou o caso em julho de 2021 e decidiu arquivá-lo. Alessandro Mólon, líder da oposição na Câmara, disse que vai apresentar ao Ministério público uma ação de improbidade contra Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Melo, que também abriu uma offshore em um paraíso fiscal.