O nome é chamativo e até sugestivo. O tema que envolve mudanças climáticas e seus efeitos tem se tornado frequente nos jornais, porém esse ainda não é um assunto conhecido nas periferias. Não com esse nome. Vamos começar primeiro a falar sobre o que são essas COPs.
Uma COP do Clima é um evento anual no qual autoridades do mundo todo se reúnem para avaliar e estabelecer acordos de negociação para redução da emissão dos gases de efeito estufa. E desde quando foi criada, a COP passou a discutir outros assuntos importantes como a preservação das florestas, justiça climática, adaptação e fundos de dinheiro para países pobres, que pouco contribuem para o agravamento da crise climática, mas que são os primeiros afetados por seus efeitos.
Todas essas palavras podem parecer estranhas, mas seus efeitos não. Inundações, por exemplo, estão se tornando mais frequentes. E quando elas acontecem nas periferias, afetam populações muito vulneráveis, que podem perder inclusive seus meios de trabalho e subsistência. A falta da água também é um problema, prejudica a agricultura e até mesmo as cidades. Esses e muitos outros eventos extremos podem ser notados cada vez mais por conta da elevação da temperatura provocada pela emissão dos gases na atmosfera.
O que acontece nessas conferências, é que estão falando da gente, na periferia, o tempo inteiro. Estão decidindo até onde nós vamos morar no futuro, e sem a gente saber. Mesmo a sociedade civil organizada que faz esforços tremendos para adentrar as conferências, estão como meras telespectadoras do processo, que acontecem de portas fechadas para a sociedade.
Você pode até pensar que é um trabalho muito custoso e não remunerado e até mesmo complexo o de fiscalizar o governo sobre este tema, porém o que você talvez não saiba é que isso também trata de recursos, que poderiam sim estar nas favelas, quilombos e aldeias.
E como na periferia, a gente tá acostumado a fazer pela gente mesmo, resolvemos dar o primeiro passo. Uma conferência do clima, realizada em uma periferia, se aproxima, é a COP das Baixadas, que nasce para chamar a atenção para territórios periféricos da Amazônia. Essa primeira edição será realizada no bairro do Jurunas, pelo Gueto Hub e diversos parceiros, com um apoio de um edital da Avina em parceria com a Pulsante, ambas fazem parte da coalizão Vozes pela Ação Climática Justa.
Organizações de Belém e de outras cidades da Amazônia que tratam do assunto foram convocadas, e estão sendo convidadas lideranças comunitárias engajadas na luta pelo saneamento básico e do bem-estar social da população.
Espera-se uma COP diferente de tudo que já se viu, afinal está sendo organizada pela sociedade civil da periferia. Acontecerá nos dias 9 e 10 de fevereiro de forma virtual, e no dia 11 de fevereiro, presencialmente, na Usina da Paz Jurunas. A programação completa será divulgada em breve, mas já sabemos que terá atrações culturais, debates, feira criativa, troca de mudas de plantas e muito mais. É um evento para toda a família.
Sobretudo, este evento busca dialogar e trazer melhorias para os bairros. Desejo tudo de bom ao evento. E que as autoridades compareçam, e que a comunidade, de alguma forma, possa se fazer presente em todas as COPs daqui pra frente.
Acompanhem nas redes sociais: @copdasbaixadas
