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ONGs e movimentos sociais assinam petição contra exonerações na coordenadoria de diversidade de Belém

Evento alusivo ao Dia do Orgulho LGBTQI+ realizado em junho no Solar da Beira

Mais de 20 organizações, movimentos, redes de apoio e ONGs da comunidade LGBTI+ de todo o Pará assinaram um documento de manifesto repúdio contra as exonerações feitas pela Prefeitura de Belém, no último dia 3 de fevereiro, de três assessoras da Coordenadoria Diversidade Sexual do Município.

A mobilização se fez com o intuito de levar à público as exonerações em demonstração de apoio e solidariedade para com a comunidade e as pessoas que foram exoneradas: Cassandra Bonifácio, Simara Esmael e Ariel Lima.

“Ressaltamos que Cassandra Bonifácio era a única pessoa trans compondo a coordenadoria e esteve à frente da organização de eventos. Um grupo de trabalho intersetorial foi lançado para discutir e propor ações e serviços para a atenção integral à saúde da população LGBTI+ de Belém, a qual as três faziam parte de maneira efetiva”, afirma a nota.

26 organizações e movimentos assinaram um documento de repúdio contra exonerações em Belém. Imagem: Reprodução Agência Belém.

De acordo com as organizações que assinaram a nota, as exonerações representam um enfraquecimento da coordenadoria e dos avanços das ações e atividades que vinham sendo realizadas e desenvolvidas, voltadas para a sociedade, no sentido da inclusão da comunidade com o restante da sociedade.

“A nota é resultado de uma indignação do movimento social com a atual gestão em relação às Coordenadoria de Diversidade Sexual. Primeiro que temos muito para avançar em relação às políticas públicas para a população LGBTI+ em Belém. É necessário fortalecer a CDS. No entanto, o que vimos nos últimos anos foi uma coordenadora ausente e distante das problemáticas que surgiram. Quem encabeçava boa parte dos projetos da CDS eram as outras três mulheres que faziam parte da gestão, principalmente a Cassandra, coordenadora adjunta”, disse ao BT+ um repsentante de um das ONGs que assinam o repúdio.

Para o grupo, as exonerações foram contraditórias, sobretudo porque aconteceram em um contexto de atividades e datas importantes para a comunidade LGBTI+ da capital paraense. “E agora, sem explicação alguma, e após um evento realizado em alusão ao dia da Visibilidade Trans, as três pessoas que vinham construindo um trabalho mais efetivo são exoneradas. A gente se questiona onde vão parar nossas políticas agora?”, explicou.

O BT entrou em contato com a Prefeitura de Belém sobre as exonerações. Em nota, a prefeitura de Belém disse que as mudanças anunciadas pela CDS foram necessárias, a partir do momento em que foram feitas inúmeras tentativas de diálogo com membros da equipe, visando uma pactuação para o bom funcionamento administrativo do órgão.

VEJA A LISTA DE ASSINATURAS:

  1. ONG Olivia
  2. Movimento LGBTQIAP+ do Pará
  3. ABGLT
  4. Rede Amazônia Negra do Pará
  5. Rede Paraense de Pessoas Trans
  6. Movimento Atitude Afro Pará
  7. Alessa (Ananindeua)
  8. Instituto Abraço a Diversidade (Parauapebas)
  9. Movimento Diversidade Açaí
  10. ALGBTUC (Tucuruí)
  11. Associação Cultural de Muaná (Crias da Bibica)
  12. Aliança Nacional LGBTI+
  13. Rede Gay Brasil
  14. Coletiva LesboAmazônida
  15. AGALT Amazônia (Marituba)
  16. Coletivo Rolê PositHIVo
  17. Família Hope
  18. Coletivo Xica Manicongo
  19. Coletiva Trans de Santarém
  20. Rede Não-bináries Belém & Região
  21. Grupo LGBTI+ do Pará (GHP)
  22. LACIGS
  23. Grupo Mães Pela Diversidade
  24. Unipop
  25. Movimento Diversidade de Açaí (Igarapé-Miri)
  26. Fórum Paraense de ONGS/Aids, Redes+, Hepatites Virais e Tuberculose.

CONFIRA A NOTA NA ÍNTEGRA:

“A Coordenadoria da Diversidade Sexual (CDS) da Prefeitura de Belém marca o compromisso da gestão do prefeito Edmilson Rodrigues com as lutas sociais pelo acesso aos direitos e ao pleno exercício da cidadania da populaçãoLGBTI+ As mudanças anunciadas pela CDS foram necessárias, a partir do momento em que foram feitas inúmeras tentativas de diálogo com membros da equipe, visando uma pactuação para o bom funcionamento administrativo do órgão. No entanto, o objetivo comum, que é o trabalho para avançar na construção e concretização de políticas públicas para população LGBTI+,ficou inviabilizado pelas sistemáticas ações de membros da equipe para isolar administrativamente a coordenação do órgão. A CDS informa, ainda, que esses fatos recorrentes levaram a procedimentos de apuração em curso, tanto em âmbito administrativo quanto a outras esferas, como caso de ataques pessoais e ofensas públicas por redessociais à coordenadora, tornando inviável a permanência no cargo de uma das ex-servidoras e, posteriormente, implicaram em incidências no atual contexto. As mudanças são necessárias para afirmar o trabalho planejado de uma equipe e fortalecer as políticas públicas importantes para essa população no município. A Coordenadoria comunica, ainda, que as substituições realizadas, visando ao bom funcionamento administrativo para avançar nessas políticas públicas, seguem coerentemente nas escolhas para cargos comissionados, que serão ocupados por pessoas também da população LGBTI+, respeitando os anseios das lutas sociais em Belém”.