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‘Lavagem cerebral’, diz mãe de bolsonarista preso após ataques em Brasília

Nesta quarta-feira, 8, completa um mês dos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. No dia 8 de janeiro de 2023, diversos extremistas golpistas invadiram e depredaram o edifício sede do Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto e protagonizaram verdadeiras cenas de terror no coração da democracia brasileira. A mãe de um desses personagens conversou com o G1 e chamou de “lavagem cerebral” o comportamento do filho.

“O que me entristece é que parece que foi feita uma lavagem cerebral no meu filho. Não dava para entender nada. Eu nunca vi um negócio como esse. Ele estava muito envolvido em uma lavagem cerebral mesmo. Ele mudou muito, uma lavagem cerebral”, disse a mãe que não quis ser identificada.

Ao G1, ela contou que o filho largou o emprego no Mato Grosso do Sul no segundo semestre de 2022 e passou a viver em acampamentos bolsonaristas. “Ele saiu do trabalho para ir para os acampamentos. Ele foi de uma cidade para outra. Depois, ele veio para a capital [Campo Grande]. Aqui, ele chegou com tudo pago: passagem de ônibus e até carro por aplicativo. Isso tudo e ele já estava desempregado. Ele saiu do serviço e veio viver nos acampamentos”, relatou.

Ataque em Brasília no dia 8 de janeiro. Foto: Reprodução.

A mãe afirmou que o comportamento do filho começou a afetar a relação de ambos e que ele viu no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alguém para seguir, mas não soube distinguir a vida pessoal do extremismo golpista. “No fim do ano, quando ele me ligou, já estava havia duas semanas no acampamento na minha cidade. Eu senti uma diferença muito grande. Saímos para ir ao mercado, mas ele estava bem diferente. Me falaram que ele estava louco. Acho que ele não chegou a ficar louco”, contou a mulher.

Ela contou, ainda, que o filho pode ter recebido ajuda financeira para ir à Brasília, uma vez que não estava trabalhando mais. “Meu filho conseguiu muita mordomia. Ele estava desempregado em Brasília. Foi um choque quando ele me ligou e falou que ia sair do serviço e ir para o acampamento dos bolsonaristas. Eu falei para ele ‘cara, você tá louco, o que você tá fazendo aí?'”, disse.

Ela relembra que o filho esteve em Brasília três vezes com todas as despesas pagas. A última, foi no dia 6 de janeiro. “Quando foi na sexta-feira, dia 6 de janeiro, meu filho me ligou avisando que iria para Brasília. Ele disse que ia para Brasília para ‘’defender o país’. Eu disse para ele: ‘larga a mão, não faz isso, você não precisa ir lá para Brasília’. Ele respondia: ‘eu prefiro morrer do que não defender o meu país’. Eu não sei, parece que fizeram uma lavagem cerebral nele, ele tava com a cabeça bem diferente”, relembrou.

Foto: Reprodução.

Inconformada, ela afirma que o filho não estava com a situação eleitoral em dia e que o comportamento não faz sentido. “Meu filho não mora comigo desde 2015. A gente nunca perdeu o contato. Desde que ele saiu de casa, ele relaxou com documento, até com voto. Eu acho que ultimamente ele nem votou. Como uma pessoa que nem vota diz que vai defender o Brasil? Como?”, questionou.

Por fim, o lamento de uma mãe. Triste, ela afirma não se sentir culpada pela situação do filho atualmente, mas diz estar com o coração despedaçado. “Eu sinto um aperto muito grande no coração, meu coração está despedaçado. Eu não me acho culpada porque eu nunca o incentivei. Tudo que aconteceu foi o menino que se criou e estudou, que conhece a vida, ele que fez. Eu não acredito que eu tenha me matado e sacrificado para criar um filho sozinha e chegar nessas alturas da vida e ver uma situação dessa: ver meu filho sendo preso por política”, finalizou.