Em atividade há mais de 15 anos, o Au Family é um abrigo para animais de rua em Belém, que atualmente dá lar a mais de 1249 animais, entre cães, gatos e cavalos, sendo que, semanalmente, entre 6 e 8 animais são abandonados na porta do abrigo, pelo menos. Essa superlotação é uma questão constante no local.
De acordo com a fundadora do Au Family, Raquel Duarte, os abandonos começaram há 10 anos, após o episódio em Santa Cruz do Arari, no qual o prefeito da cidade adotou uma medida de saneamento que capturou cerca de duzentos cães, enviados para a zona rural da cidade. Na época, moradores denunciaram que mesmo animais com donos haviam sido levados e muitos teriam morrido por maus-tratos.
Vídeos registraram cachorros sendo laçados até por crianças, que teriam recebido dinheiro para caçar os animais. “Estavam pagando R$ 5 pelo cachorro e R$ 10 pela cadela”, contou o cozinheiro Aragonei dos Santos, de 29 anos, ao G1, na época.
“Depois do episódio de Santa Cruz, o número de animais abandonados aqui quadruplicou, recebemos ninhadas inteiras, de 6 a 8 filhotes –– Essas pessoas são irresponsáveis, elas não procuram a prefeitura para promover a castração dos seus animais. Para elas é muito mais fácil abandonar os filhotes nas portas dos abrigos, passando essa responsabilidade para quem não deveria ter, eu não tenho essa obrigação, a prefeitura tem, o governo do estado tem, eu não sou um canil municipal. Os animais estão sempre lotados de pulgas e carrapatos e eu tenho que lutar pra comprar remédios, vacinas, e correr atrás de pessoas dispostas a adotá-los”, disse a administradora.
Raquel conta que as despesas com o abrigo são altas. Para todo animal que chega, testes para cinomose, parvovirose e pcr para doença do carrapato tem que ser pagos e ela emprega 25 funcionários para auxiliar no tratamento das espécies. Raquel diz que a situação dos animais de rua em Belém é terrível e muito preocupante.
“A situação do Au Family é semelhante à de todos os abrigos de Belém. Quando as pessoas descobrem que existe um local que cuida dos animais, vira ponto de abandono. Faltam políticas públicas, educação e cumprimento da Lei de Maus Tratos, falta o poder público assumir a sua responsabilidade. Queremos política de castração em massa e punição para quem abandona animais”, relatou Raquel.
Em nota, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), afirmou que desenvolve na cidade o Programa Animal Comunitário, cujo objetivo é resgatar das ruas cães e gatos abandonados ou nascidos em logradouros públicos. “No ano passado, cerca de 320 animais foram resgatados pelo CCZ, em diversas situações, entre elas abandono, maus tratos, agressões e atropelamentos. Depois de passarem por um criterioso tratamento, eles são colocados para adoção em feiras que ocorrem mensalmente. Todos os animais são castrados, vermifugados e microchipados. A Sesma não dispõe do número de animais abandonados atualmente em Belém”, informou.
ADOÇÕES
No último sábado (11/02), o Au Family promoveu uma feira de adoção na Cobasi do Shopping Bosque Grão Pará, das 10h às 16h. Ação que ocorre no local quinzenalmente. Além disso, qualquer pessoa interessada em adotar pode contatar o abrigo por meio de sua conta oficial do instagram. Os animais já estão vacinados, vermifugados e com castração garantida.
Interessados em ajudar o abrigo, podem doar qualquer quantia através da seguinte chave pix:
- CNPJ: 33093218000197
Também é possível apadrinhar um animal, doando R$ 1,95 por dia, uma pessoa pode garantir a refeição diária de um animal do abrigo, basta contatá-los.