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‘É calamitoso como se encontra a saúde em Belém’, diz presidenta do CRM sobre PSM da 14

Uma comitiva de cerca de dez pessoas, reunindo membros do Conselho Regional de Medicina (CRM), Ministério Público do Pará e Procuradoria da República fizeram uma vistoria técnica no pronto Socorro Municipal de Belém, Mário Pinotti, e constataram um cenário grave de lotação, alta carga de trabalho entre os funcionários e médicos da unidade, além da falta de utensílios básicos, como medicamentos e materiais para curativos. O PSM atende a 24 especialidades.

“Faltam utensílios e medicamentos básicos como dipirona, um analgésico importante. Estão usando morfina, isso é muito grave. Aqui está lotado, é uma demanda muito grande. Desfibrilador, só tem um para todas as salas. Pacientes graves com politraumas estão no corredor aguardando leitos. É um caos de uma maneira total, não temos insumos. O carnaval está na porta, o que aumenta a demanda, os riscos e acidentes. O nosso pronto socorro não tem estrutura nenhuma para atender a nossa população. A sociedade está desamparada, em relação à saúde”, explicou em entrevista a presidenta do Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará, Tereza Cristina.

Foto: Reprodução.

A partir das evidências caóticas observadas, o CRM vai preparar um relatório que deve ser entregue até a próxima sexta-feira, 17, para os órgãos competentes, como a prefeitura de Belém, OAB-PA, Conselho Federal de Medicina, para a Direção do Hospital, Secretaria de Saúde do Estado e para o governo do estado, além do Ministério Público que também vai preparar o seu documento cobrando providências.

“Estivemos aqui para fiscalizar, mas hoje as condições estão ainda piores. Os colegas (médicos) estão trabalhando em um nível elevado de estresse. Não tem vigilantes e equipes de limpeza, porque os salários destes profissionais também está em atraso. O CRM faz a interdição ética, em defesa dos médicos, quando eles estão em uma situação de muitos problemas. O Conselho vai trabalhar para conseguir as necessidades que são insumos, boas condições de trabalho e atendimento para a comunidade. Aqui são 241 médicos, 196 prestadores de serviço, 37 efetivos e 8 contratados. Recebemos muitas denúncias no e-mail do CRM. A população está gritando. Essas pessoas pagam os seus impostos e precisam ter o tratamento digno que todo o ser humano merece. Se eu tenho verba para o carnaval, eu tenho que ter verba para a educação, saneamento básico, saúde. Estamos visitando outras unidades, como o PSM do Guamá, e a realidade é de condições precárias, sem medicações. O caos está em toda a Belém. É calamitoso como se encontra a nossa saúde em Belém”, afirmou a presidenta do CRM do Pará.

Presidenta do Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará, Tereza Cristina.

O BT entrou em contato com a prefeitura de Belém sobre os problemas de falta de pagamentos e demais casos relatados e teve retorno da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma). Segundo o órgão, o processo de compra emergencial de insumos para suprir os próximos 90 dias já iniciou.

Confira a nota completa:

A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) informa que iniciou processo de compra emergencial, para suprir um período de 90 dias, de insumos que estão com alta criticidade de desabastecimento na rede atualmente.

A compra foi motivada pela negativa realizada por parte de fornecedores, que apresentam contratos de abastecimento vigentes com a Secretaria, que foram acionados e notificados de forma antecipada a regularizar os estoques.

Como medida paliativa, a Secretaria realiza atualmente um levantamento de estoques em todas as suas unidades da rede com realocação de insumos, tendo a finalidade de atender estabelecimentos de saúde que tenham maior déficit destes itens críticos.

A previsão para reabastecimento dos itens críticos é de 48 a 72 horas.

A Sesma reforça, ainda, que todos os pagamentos referentes a plantões médicos foram efetivados na última sexta-feira, 10. E que está trabalhando para realizar o pagamento das empresas de segurança para que o serviço seja regularizado. Já em relação as empresas de limpeza, não procede a informação de que estariam com os serviços paralisados e até esta sexta-feira, 17, o pagamento será regularizado.