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Samaumeira: Semma afirma que árvore pode estar na fase final da vida

Após a queda da centenária samaumeira do CAN, questões sobre a saúde das árvores de Belém foram levantadas pela população. Quantas árvores estão em situação de risco em Belém, quais medidas são adotadas pela prefeitura para prevenir mais situações do tipo e por que a queda da samaumeira não foi prevista ou prevenida foram algumas dúvidas apontadas por moradores da cidade nos últimos dias.

Entre as intervenções comumente utilizadas para avaliar a saúde de árvores deste porte, existe um exame feito a partir de um aparelho de ultrassom, similar ao usado em humanos, que pode apontar o diagnóstico das plantas e até mesmo agilizar o processo de remoção, quando necessário.

Em conversa com o BT, o diretor do Departamento de Áreas Verdes Públicas da Secretaria de Meio Ambiente (Semma), Kayan Rossi, declarou que certos fatores devem ser analisados sobre a aquisição de um aparelho de ultrassom do tipo, como o conhecimento prévio do quanto o aparelho poderia ser utilizado. Por conta do alto custo, é necessário saber se existe demanda que justifique a aquisição ou se vale mais a pena terceirizar os serviços. 

Rossi explicou que as mangueiras de Belém são analisadas periodicamente com o auxílio do penetrógrafo, outro aparelho que realiza exame não destrutivo na árvore. Além de análises visuais feitas não somente por agentes da Semma, mas também por uma equipe do curso de engenharia florestal da Universidade Rural da Amazônia (UFRA), que, segundo o representante, periodicamente repassa à Secretaria quais árvores precisam de intervenção.

Rossi destaca que denúncias sobre crimes ambientais como atividades antrópicas, ou seja, feitas pelo ser humano, que podem ocasionar em quedas de árvores também são muito importantes.

Também segundo o representante, a samaumeira do CAN estava sendo acompanhada desde 2013, em função da idade dela e, no ano em questão, havia sido identificada uma lesão no tronco da árvore, mas que, por se tratar de um patrimônio histórico, cultural e religioso da população, a árvore foi mantida por meio de alguns procedimentos.

“Foi feita nela uma poda drástica, onde se tira todos os galhos e todas as folhas, assim você estimula a árvore a se regenerar. Então, desde 2013, essa árvore já estava em regeneração — No ano passado, todas essas samaumeiras foram tratadas com remédio de cupim e podadas para o Círio de Nazaré, como são todos os anos”, disse Rossi.

Sobre a possibilidade de sobrevivência da samaumeira, Kayan disse: “Como a lesão já é muito avançada, e devido ao processo natural do ciclo de vida e da idade dela, talvez próxima de 200 anos, vai ser feita uma última tentativa de mantê-la viva. Vai ser feito um corte, e se ainda existirem vasos vivos nela, ela tem condições de rebrotar, se não, significa que ela chegou na fase final da vida dela”, concluiu.

“Se tratando de samaumeira, eu acho que tudo é possível. Em área urbana a expectativa de vida de uma é de 120 anos, então ela já ultrapassou esse período”, explicou.

O representante ressaltou que o estrago da árvore é resultante de uma lesão natural que existe desde 2013, que aumentou naturalmente com o tempo. “De outubro pra cá (fevereiro) foi feita uma poda para diminuir o peso da árvore, mas a lesão naturalmente aumenta por conta da idade, não por infestação de cupim, necessariamente — naturalmente as samaumeiras apresentam oquidão no centro, e o que foi feito foi para tentar postergar a vida dela, por se tratar de um patrimônio”, declarou.

“Se em 2013, quando foi identificada essa lesão nela, tivesse sido feita uma retirada por precaução de queda, o burburinho seria muito maior — os patrimônios vivos não são eternos, eles perecem e eles padecem. Uma hora isso precisa acontecer”, concluiu Kayan Rossi.