Março, mês das mulheres. Flores. Ganhamos tantas flores. Dessa vez vamos falar nas dores. Precisamos conversar sobre isso, considerando matérias recentes, a exemplo do autointitulado “coach de masculinidade”, que representa homens seguidores de teorias como “red pill”, “incel”, “mgtow”… Em tempo: destilação de ódio às mulheres, seja de forma sutil – quando se apresentam como serviço de autoajuda (muito rentável, diga-se de passagem), ou de forma escancarada, como o recente discurso sobre cerveja x campari, do supracitado coach.
Na última quinta-feira, o BT também publicou matéria informando dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com números alarmantes sobre o estupro. Pelo menos 822 mil mulheres são estupradas por ano no Brasil – o equivalente a duas por minuto. O número deixa de considerar as vítimas que não denunciam. O que é pior? A maioria das vítimas são meninas de 13 anos.
Nos últimos 12 meses, 28,9% (18,6 milhões) das mulheres relataram ter sido vítima de algum tipo de violência ou agressão, o maior percentual da série histórica do levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Datafolha. (fonte G1).
O que essas informações têm em comum? Ódio às mulheres! Violência, em suas variadas formas. Do discurso de supremacia masculina ao abuso sexual. A misoginia, ou ódio/aversão às mulheres, vem nos violentando e matando. É inaceitável que um homem se sinta confortável para ameaçar uma mulher (“processo ou bala”, disse o coach à atriz que parodiou seu discurso) abertamente. Há inúmeros grupos nas mídias sociais que expõe abertamente conteúdos perversos de sexismo e violência de gênero, o “masculinismo” é um exemplo disso. E, mais, o algoritmo em rede funciona como catalisador dessas falas criminosas.
Esses discursos misóginos endossam a chamada cultura do estupro, termo usado desde os anos 1970, que trata de comportamentos tanto sutis, quanto explícitos que silenciam ou relativizam a violência sexual contra a mulher. (fonte: politize.com.br)
Não é a roupa, não é a bebida! Não dá mais para usarmos tempo precioso de nossas vidas aprendendo estratégias para defender nossas vidas contra os ataques dos homens. Isso não é normal.
A naturalização da violência contra a mulher precisa ser denunciada, debatida… quem sabe assim teremos um espaço mais saudável para as meninas e mulheres no futuro.
Para denúncias:
Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher. Para abusos contra crianças e adolescentes, Disque 100 – Direitos Humanos. Numa situação de perigo imediato, ligue 190 – Polícia Militar.
Até a próxima.
Juliana Galvão
Psicóloga
CRP 10/3645