Durante a noite da última quarta-feira, 8, e a manhã desta quinta, 9, um caso de um sequestro ocorrido na Av. Almirante Barroso, em Belém, chocou a capital paraense, segundo informações preliminares, o responsável pelo crime estaria em surto psicótico.
Mas como detectar que alguém está um surto? A psicóloga Juliana Galvão falou com o BT sobre como identificar um caso de surto e como agir. Confira:
Em primeiro lugar é importante entender que o surto é uma condição repentina, uma alteração significativa no comportamento. É temporário e vem acompanhado por dissociação entre a realidade e a percepção que a pessoa tem dela. É possível haver delírio, alucinação, agressividade, pensamento e comunicação desorganizados.
A alucinação diz respeito às experiências de percepção que não condizem com a realidade e envolvem os sentidos corporais. Exemplo: Ouvir vozes, enxergar algo (que os outros não enxergam). Já o delírio tem a ver com ideias, ou melhor, crenças fixas e distorcidas da realidade. Podem envolver pensamentos de perseguição, ideias de grandeza ou religiosas. É importante destacar que essas condições são involuntárias. Portanto, não adianta pedir que a pessoa pare de pensar ou ver o que ela está percebendo.
Essa mudança de comportamento pode acontecer de maneira gradual. De que forma? Alterações significativas na rotina, exemplo: alguém que não é religioso e passa a buscar e realizar rituais religiosos. Outro sinal são mudanças bruscas de humor. Repentinas “implicâncias” com alguma pessoa, que talvez até fosse alguém próximo/querido antes. Fala desorganizada é outro sinal – a não continuidade de uma conversa ou mesmo uma conversa atravessada por muitos assuntos sem conexão aparente. Outro sintoma pode ser discurso fantasioso, ligado ao delírio.
O que fazer?
É essencial que a rede de apoio (amigos e familiares) compreenda que um surto precisa de intervenção profissional. E logo! O tempo é um aspecto importante no processo, já que é provável que haja uma evolução nos sintomas, colocando a pessoa (ou quem está próximo) ainda mais em risco.
Os profissionais de saúde mental devem ser acionados. É possível buscar ajuda através do SAMU (ligação para o número 192) ou mesmo nos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial). Em Belém, há o serviço de urgência/emergência psiquiátrica no Hospital de Clínicas Gaspar Viana. As UPAS também são referência para esse atendimento, nos outros municípios.
O que não fazer?
Reagir com agressividade aos comportamentos das pessoa em surto. Não adianta pedir ou ordenar que ela pare de pensar ou sentir o que está pensando e sentindo. Não resolve e até piora a situação.
Vincular a condição à religião. Surto não é falta de Deus ou alguma punição! É uma situação de sofrimento em saúde mental e assim deve ser tratada.
É fundamental entender que psiquiatra e psicólogo são essenciais no manejo da situação.
Até a próxima.
Juliana Galvão
Psicóloga
CRP 10/3645
Juliana Galvão
Psicóloga
Crp10/3645
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