Michelle Yeoh, fez história no último domingo, dia 12, quando se tornou a primeira mulher asiática da história a ganhar um Oscar de Melhor Atriz. Yeoh nasceu na Malásia.
Michelle interpretou Evelyn Wang, protagonista de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, filme que também se tornou o mais premiado de todos os tempos. No longa, Evelyn é uma dona de lavanderia que atravessa universos sem fim para enfrentar um poderoso inimigo enquanto repensa seu casamento, luta para se aproximar de sua filha e tenta resolver problemas fiscais.
A atriz de 60 anos falou em uma entrevista ao jornal Los Angeles Times, antes da noite do Oscar, sobre o machismo e o etarismo que viveu em Hollywood. Ela contou que perdeu espaço na indústria do entretenimento com o passar dos anos.
A SURPRESA POR SER ESCOLIDA PARA TUDO EM TODO O LUGAR AO MESMO TEMPO
Yeoh admitiu que ficou surpresa ao ser escalada para o papel principal do filme ‘Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo’: “A primeira coisa que você sente é tipo: ‘Finalmente, obrigada. Vocês me veem, vocês realmente me veem e estão me dando a oportunidade de mostrar que sou capaz de fazer tudo isso’. Como uma atriz, você precisa da oportunidade. Você precisa da função que a ajudará a mostrar o que você é capaz de fazer”, afirmou.
O ETARISMO NA INDÚSTRIA:
“Você sabe, conforme você envelhece, os papéis ficam menores”, continuou a artista. “Parece que os números sobem e essas coisas ficam mais difíceis, então você começa a ser deixada de lado cada vez mais. Então, quando ‘Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo’ veio, de repente, foi muito emocionante – porque isso significa que você é quem está liderando todo esse processo, quem está contando a história. É sobre uma mulher comum que se torna uma super-heroína. É sobre você ser engraçada, dramática, fazer artes marciais; tipo, quase como um filme de terror. Foi como cinco gêneros transformados em um.”
Yeoh, apontou que preconceito com pessoas mais velhas – especialmente mulheres – fazem com que artistas abandones as carreiras com o passar dos anos: “Sabe, conforme você envelhece, as pessoas começam a dizer: ‘Ah, sim, você deveria se aposentar. Você deve fazer isso. Você deveria…’ Não, pessoal. Não me diga o que fazer. Eu deveria estar no controle do que sou capaz, certo?”, ela afirmou.
“Fiz 60 anos ano passado, e acho que todas vocês mulheres entendem isso: conforme os dias, os anos e os números vão aumentando, parece que as oportunidades começam a diminuir também. E provavelmente houve um momento em que pensei: ‘Bem, vamos lá, garota, você teve uma corrida muito, muito boa. Você trabalhou com algumas das melhores pessoas: Steven Spielberg, James Cameron e Danny Boyle, então é boa. É tudo de bom’. Daí veio o melhor presente: ‘Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo’.”
O PRECONCEITO VELADO E A QUEBRA DE PADÕES DE MULHERES NA INDÚSTRIA:
A atriz falou sobre a dificuldade de ver as propostas de papeis diminuindo: “Eles não dizem isso com tantas palavras – por que eles ousariam dizer isso com tantas palavras, certo? Mas quando você não consegue os papéis e fica apenas sentada lá.”
Ela também falou sobre como algumas atrizes quebram esse preconceito fazendo suas próprias produtoras: Eu olho para Reese Witherspoon e olho para atrizes mais velhas, inteligentes – como Nicole Kidman e tudo – elas montaram suas próprias produtoras, certo? Porque elas não vão esperar à margem. Porque elas viram isso chegando também. Você tem que ser esperta sobre isso. E se você não fizer isso acontecer e ficar esperando, poderá esperar por muito tempo”, pontuou Yeoh.
“Ninguém realmente disse: ‘Oh, bem, você sabe, você está chegando a essa idade’. Porque eu olho para a dama Judi Dench e digo: ‘Sim, mulher’, sabe? Mas eu olho para Helen Mirren e digo: ‘Sim!’. Eu olho para Meryl Streep e digo: ‘Sim!’. Existem lindas histórias que ainda precisam ser contadas por nós, mulheres mais velhas, e não devemos recuar e dizer: ‘Bem, ok, vou apenas aceitar e tentar'”, ela continuou.
Yeoh afirmou que atrizes precisam fazer roteiristas, produtores e diretores do entretenimento não as enxergarem apenas como “mulheres mais velhas”. “Basta olhar para nós como grandes atrizes que podem ajudá-los a contar suas histórias”, declarou.
A XENOFOBIA DE HOLLYWOOD
Sobre ser uma mulher asiática nos Estados Unidos, a atriz abordou, meu seu discurso de vitória no Globo de Ouro, como seu início na indústria foi cercado de preconceito:
“Foi uma jornada incrível e uma luta incrível para estar aqui hoje, mas acho que valeu a pena. Lembro-me de quando vim para Hollywood pela primeira vez; foi um sonho realizado até chegar aqui, porque olha este rosto. Eu vim aqui e me disseram: ‘Você é uma minoria’, e eu respondi: ‘Não, isso não é possível’. Daí alguém me disse: ‘Você fala inglês!’. Quero dizer, esqueça que eles não conhecem a Coreia, Japão, Malásia, Ásia, Índia. Daí eu disse: ‘Sim, o voo aqui durou cerca de 13 horas, então eu aprendi'”, afirmou rindo.
DISCURSO NO OSCAR:
Na premiação mais importante do cinema, a atriz falou sobre sua jornada e sobre não desistir de seus sonhos e objetivos:
“Para todos os meninos e meninas que se parecem comigo e estão assistindo esta noite, este é um farol de esperança e possibilidades. Esta é a prova de que os sonhos se tornam realidade. E senhoras, não deixem ninguém dizer que vocês já passaram do seu auge. Nunca desistam”, afirmou a estrela em meio aos aplausos ao ganhar o Oscar.
Veja um trecho do discurso da atriz em sua vitória no Oscar 2023:
Com informações de revista Monet