O Ministério da Defesa não publicou a ordem do dia, para ser lida em batalhões e quartéis, em comemoração ao golpe militar de 1964 na manhã desta sexta-feira, 31.
A decisão foi dada pelo comandante do Exército, general Tomás Paiva, com autorização do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
A prática tinha sido inicialmente interrompida durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), mas foi retomada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante os últimos quatro anos de seu governo.
Em 2019, Bolsonaro determinou ao Ministério que fizesse as “comemorações devidas” ao golpe de 1964. A partir daí, o Exército Brasileiro passou a divulgar a Ordem do Dia no dia 31 de março, relembrando a ditadura a partir de dois vieses: de que o evento só pode ser compreendidos a partir do contexto da época e de que a função das Forças Armadas foi assumir a responsabilidade de pacificar o País com apoio da sociedade, dos empresários e da imprensa.
A ordem do dia era emitida com admirações à ruptura democrática no país. A distribuição do documento com elogio ao golpe foi fato inédito desde a criação do Ministério da Defesa, em 1999.
A celebração da data de hoje sempre dividiu opiniões dentro das Forças Armadas. Antes da gestão de Bolsonaro, o dia era apenas lembrado por alguns comandantes de unidades do interior do país.
O fim da comemoração do golpe militar já era discutido desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas foi reforçado após os episódios criminosos no dia 8 de janeiro.