O Censo Demográfico registrou 1,65 milhões de indígenas brasileiros na última década. O número é quase duas vezes maior do que o divulgado em 2010, quando cerca de 896 mil pessoas haviam se declarado indígenas.
O número mais recente foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última segunda-feira (3). O órgão também informou que os dados são preliminares e podem aumentar, já que os recenseadores tiveram dificuldade de acessar locais remotos de terras Yanomami, onde a presença de garimpeiros era muito forte, mesmo com a operação de expulsão dos invasores conduzida pelo governo federal.
O pesquisador da política indigenista e professor das universidades federais do Pará (UFPA) e de Viçosa (UFV), Leonardo Barros, afirma que o crescimento significativo da população indígena já era esperado. Segundo ele, uma das explicações é a taxa média de natalidade nas comunidades indígenas, que é maior do que a registrada entre não indígenas.
“O segundo fator é um intenso processo de autorreconhecimento dos indígenas que vem aumentando ao longo dos últimos 20 anos, em decorrência da ampliação da participação política desses povos e da sua politização. Isso fez com que, principalmente no Nordeste, mas também em outras regiões indígenas que não se reconheciam como tal, eles passassem a se designar como indígenas”, explica Barros.
Leonardo diz também que os novos dados trazem subsídios para a criação de novas políticas públicas voltadas aos povos. O governo Lula (PT) criou neste ano o primeiro Ministério dos Povos Indígenas no país, comandado por lideranças reconhecidas como legítimas pelas organizações indígenas.