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Residentes anunciam greve nos hospitais Barros Barreto e Bettina Ferro

Os residentes multiprofissionais da Universidade Federal do Pará (UFPA) emitiram uma Carta-Manifesto na qual anunciam paralisação das atividades de residência multiprofissional a partir das 7h desta quinta-feira, 20, no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) e no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS). A decisão veio após assembleia dos residentes, que alegam frequentes casos de assédio sofridos, além de relatarem a falta de estrutura adequada para a execução de atividades e aprendizado.

Já às 8h um ato será realizado para expor detalhes das reivindicações dos profissionais em frente ao Hospital Universitário João de Barros Barreto, no bairro do Guamá, em Belém, também nesta quinta-feira, 20. O objetivo é levar as queixas à superintendência do Complexo Hospitalar, responsável pela gerência dos dois hospitais, que está localizada na unidade de saúde.

Outro ponto a ser debatido é a denúncia de uma infestação de ratos na sala de repouso dos residentes, com prejuízo à mobília do local, além da presença de fezes dos roedores nas camas e mesas do espaço, que também abriga materiais de trabalho e EPIS.

Confira as principais reivindicações dos residentes:

  • Infraestrutura

São apontados problemas estruturais como a entrega da Biblioteca e Espaço de Pesquisas do Centro de Estudos do HUJBB, cuja reforma iniciou no segundo semestre de 2022, com previsão de entrega para fevereiro de 2023.

Os residentes destacam que a reforma no Centro de Estudos não foi acompanhada de medidas alternativas, como realocação dos computadores, o que dificulta atividades como a evolução dos atendimentos em prontuário eletrônico e a realização de pesquisas científicas, estudos, discussão de casos e demais práticas teóricas.

Os profissionais teriam sido direcionados para o uso dos computadores dos postos de enfermagem e sala de prescrições, porém o número de máquinas seria insuficiente para atender a demanda do conjunto, além de levar a casos de constrangimento por conta de avisos que restringiriam o uso de computadores aos técnicos do quadro efetivo do serviço.

Outro atraso cobrado é da reforma do refeitório do HUJBB, que ocorre desde o ano de 2021 e, atualmente, permanecem sem data prevista para sua finalização. Os residentes estariam fazendo refeições em locais inadequados e insalubres para a realização de suas refeições, como um espaço provisório, cujo tamanho seria insuficiente ao quantitativo de residentes, técnicos e acompanhantes que estão presentes no hospital, além de não ter proteção adequada ao sol e chuvas.

Também houve reclamação pelo espaço de repouso dos residentes, cuja estrutura de seis camas e ausência de colchões impermeáveis e banheiros seria insuficiente para acomodar as diversas categorias, que engloba aproximadamente 120 profissionais, com cargas horárias diária de 10 a 12 horas.

Além da denuncia de infestação de ratos, os residentes ainda reclamam que, durante a realização de dedetização e controle de pragas no espaço, não foi ofertado um local alternativo para o repouso.

  • Plantões em feriados

De acordo com o programa de residência multiprofissional em saúde, a carga horária mensal é de 240 horas, sendo 60 horas semanais, incluindo, no mínimo, um plantão conforme escala definida por tutoria. Logo, não haveria a necessidade do residente comparecer para plantão em feriados. Segundo eles, a carga horária realizada durante os finais de semana no hospital já abarca as particularidades no contexto de plantões, sem a exigência de incluir os feriados na prática clínica.

  • Falta de Preceptoria

A preceptoria deve estar presente nos cenários de prática dos residentes e pertencer às mesmas categorias profissionais, porém há denúncias de que residentes seriam alocados em contextos de atuação sem preceptoria, por baixa mão de obra efetiva insuficiente no hospital.

O grupo finaliza a Carta-Manifesto ao afirmar que não aceitarão assédio ou represálias direcionados aos residentes por conta desta ou outras manifestações, além de ressaltar que o movimento é coletivo no sentido de fortalecer a luta por melhores condições de aprendizado e atuação profissional.

Hospitais se pronunciam sobre a situação

Em contato com a redação do BT Mais, a assessoria dos hospitais universitários se mostrou ciente das situações questionadas pelos residentes e emitiu nota após a manifestação. Segundo eles, o hospital se disponibilizou para reuniões em busca de soluções para os problemas denunciados, que agora está marcada para a próxima segunda-feira, 24.

Ainda houve posicionamento oficial sobre as denúncias de assédio moral, demora nas obras e queixas sobre a estrutura curricular dos programas de residência.

Leia na íntegra:

“A respeito das denúncias feitas por residentes dos programas uni/multiprofissional, a gestão do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (UFPA)/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) – CHU-UFPA/Ebserh – informa que se colocou à disposição para discussão das pautas reivindicadas, mas os representantes dos residentes não conseguiram atender e solicitaram remarcação da reunião que aconteceria hoje (20/04/2023), às 13h30.

Diante do exposto esclarecemos que o CHU-UFPA/Ebserh vem envidando esforços para a finalização das obras que tem por objetivo atender as necessidades reivindicadas pelos residentes.

Nos questionamentos feitos sobre a precarização do ensino, informamos que a Gerência de Ensino e Pesquisa fez um estudo considerando o parâmetro da portaria 285/2015 e todos os programas têm número suficiente de preceptores. A organização pedagógica dos programas foi recentemente reestruturada e, no geral, as disciplinas obrigatórias estão sendo oferecidas conforme regulamentação.

Sobre as denúncias referentes a assédio moral, afirmamos que a instituição não recebeu nenhum registro em seus canais oficiais, sejam presenciais ou on-line, de forma assinada ou anônima, sobre o assunto. E ressalta que há 3 anos é aplicada pesquisa de satisfação específica para os Residentes e o assunto nunca foi reivindicado.

O CHU-UFPA se solidariza e ressalta que está aberto a discussão para que busquemos as melhorias necessárias.”