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Em Ananindeua, quilombolas da comunidade Abacatal fecham parte da BR-316 em protesto

Na manhã desta segunda-feira, 24, moradores da comunidade quilombola de Abacatal, em Ananindeua, fecharam parte da BR-316, para protestar e cobrar mais agilidade da gestão municipal na reforma da escola Manoel Gregório, que atende as crianças do quilombo, e que segue há mais de quatro meses sem conclusão. A ocasião também serviu para cobrar a pavimentação da estrada que dá acesso ao quilombo.

“Há quatro meses a escola Manoel Gregório Rosa Filho se encontra em condições de calamidade pública, a única escola dentro do Território era pra estar passando por uma série de reformas, porém estavam com as obras paralisadas há duas semanas, tendo seu retorno na terça-feira dia 18/04/2023. Durante esses quatro meses os alunos do turno da manhã e tarde da Manoel Gregório,  estão frequentando as aulas em salas improvisadas pelos funcionários da escola. O que era pra ser uma obra da prefeitura do município de Ananindeua, não tem placa com o valor investido na reforma, não possui um engenheiro responsável, não há o nome da empresa que está trabalhando na reforma. Os funcionários da Manoel Gregório, ao longo desses quatro meses vem fazendo incansáveis esforços para manter a educação dos alunos do quilombo em dia , mesmo com todas as circunstâncias desfavoráveis, organizaram salas improvisadas dentro do território e continuaram com as aulas. Porém como a situação se mantém insustentável, um grupo de mães que cujo os filhos estão sendo prejudicados, se reuniram para decidir os próximos passos a serem dados pelo Quilombo. Fomos ao Ministério Público fazer uma denúncia e estamos tomando as providências legais”, afirma a comunidade.

Além dos problemas estruturais na escola, a comunidade também enfrenta outro problema que são as péssimas condições da estrada que dá acesso à comunidade, que há meses segue sem pavimentação.”Nós moradores nos reunimos periodicamente para tentar melhorar a situação, tem pessoas que fazem tratamento de hemodiálise fora do território e que precisam de acesso de qualidade”.

Segundo a comunidade, todos os 535 moradores utilizam a estrada pois é o único acesso para o quilombo. “Por se tratar do nosso único acesso a comunidade do Abacatal, infringe diretamente a vida de todos. Ela nunca teve qualquer tipo de pavimentação. É uma estrada de piçarra. No inverno chove muito, fica muito difícil trafegar. Já cobramos da prefeitura de Ananindeua e nunca teve qualquer resposta, por isso fechamos a BR, para cobrar pelos nossos direitos”, disse a comunidade.

VEJA:

O BT entrou em contato com a prefeitura de Ananindeua e secretaria de educação.

Confira a nota da secretaria de educação:

“A Chefia de Gabinete da Prefeitura de Ananindeua recebeu na manhã de hoje o grupo de moradores do quilombo do Abacatal para ouvir as reivindicações a respeito das aulas na EMEF Manoel Gregorio. A manifestação chegou ao fim por volta de 10:30, normalizando o trânsito no trecho em frente à prefeitura.

A Secretaria de Educação de Ananindeua(Semed) esclarece que a Emef Manoel Gregório, localizada no quilombo do Abacatal, está passando por manutenção da sua estrutura física, dentro do prazo previsto que é de 150 dias. Inclusive com 60% dos serviços concluídos. E os alunos da mesma unidade passaram a ter aulas no antigo prédio onde a escola funcionava anteriormente. A Semed informa, ainda, que esta unidade de ensino é relativamente nova (inaugurada em 2012) e já passou por outras manutenções preventivas em gestões anteriores. Cabe destacar que esta obra atual visa também readequar o prédio aos parâmetros necessários para que ela faça parte do Projeto Três Marias, o qual tornará o espaço uma unidade de ensino de referência para estudos da história e da cultura afro-brasileira. Por fim ,a Semed ressalta que um dos objetivos da atual gestão municipal é valorizar, respeitar e divulgar a relevância da história e da cultura afro-brasileira na construção do nosso território. E este espaço será de trocas de experiências e saberes, uma vez que os alunos de outras unidades escolares, localizadas em territórios não-quilombolas, passarão a conhecer a referida escola, visitando e imergindo na cultura e ancestralidade local”.

“A Prefeitura Municipal de Ananindeua, por meio da Secretaria Municipal de Saneamento e Infraestrutura, informa que a via que dá acesso a comunidade quilombola do Abacatal é de responsabilidade do Govenro do Estado”.