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Operação Penalidade Máxima: veja quem são os jogadores denunciados em esquema de apostas

Com informações GE e Veja*

O ministério Público de Goiás fez uma nova denúncia sobre manipulação de jogos no futebol brasileiro. Estão sob investigação do MP jogos das séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022, além de partidas em campeonatos estaduais do mesmo ano.

Nesta quarta-feira, 10, a Justiça de Goiás aceitou a denúncia do Ministério Público contra 16 jogadores investigados na operação “Penalidade Máxima II”. Ao todo, são ao menos 20 partidas analisadas e investigadas pelo MP e, até o momento, clubes e casas de apostas são tratados como vítimas nos casos.

JOGADORES DENUNCIADOS

Essa é a segunda fase da operação que, na fase anterior, fez busca e apreensão contra os seguintes jogadores: os zagueiros Victor Ramos, da Chapecoense, Paulo Miranda, ex-Juventude, e Eduardo Bauermann, do Santos, o lateral-esquerdo Igor Cariús, do Sport, e o meia Gabriel Tota, ex-Juventude e atualmente no Ypiranga-RS.

Já na fase atual, o MP acrescentou o nome do volante Fernando Neto, ex-Operário-PR e hoje no São Bernardo. De acordo com a Veja, o Ministério Público de Goiás pede que os investigados sejam condenados e obrigados a devolver  R$ 2 milhões aos cofres públicos por danos morais coletivos.

JOGADORES QUE FIZERAM ACORDOS COM O MP

Kevin Lomónaco, do Bragantino, Moraes, ex-Juventude e hoje no Atlético-GO, Nikolas, do Novo Hamburgo-RS, e do atacante Jarro Pedroso, do Inter-SM, também foram citados na denúncia do MP. Entretanto, todos admitiram envolvimento e não foram denunciados.

JOGADORES DENUNCIADOS NA PRIMEIRA FASE DA OPERAÇÃO

Na primeira fase da Operação Penalidade Máxima, oito jogadores de diferentes clubes foram denunciados pelo Ministério Público e viraram réus por participarem de esquema de manipulação. O grupo vai responder pelas práticas de organização criminosa (pena de três a oito anos e multa) e corrupção ativa (pena de dois a 12 anos).

São eles: Romário (ex-Vila Nova), Joseph (Tombense), Mateusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá), Gabriel Domingos (Vila Nova), Allan Godói (Sampaio Corrêa), André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Ituano), Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã) e Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR).

JOGOS INVESTIGADOS

Ao todo, 13 jogos entre as séries A e B do Campeonato Brasileiro e jogos do Campeonato Gaúcho e do Campeonato Paulista estão sob investigação. Veja quais são e os atletas investigados:

  • Palmeiras 2 x 1 Juventude

Foram oferecidos R$ 30 mil para que Moraes, lateral-esquerdo do Juventude, recebesse cartão amarelo. R$ 5 mil foram pagos antes do jogo. O atleta recebeu o cartão durante a partida.

Lateral-esquerdo Moraes. Foto: Reprodução.
  • Juventude 1 x 1 Fortaleza

Gabriel Tota, atleta do Juventude, recebeu promessa de pagamento de R$ 60 mil, com R$ 5 mil depositados antes do jogo para que fizesse a transferência ao zagueiro Paulo Miranda, a fim de que ele fosse punido com amarelo, o que de fato aconteceu no jogo.

  • Goiás 1 x 0 Juventude

Aqui, o lateral-esquerdo Moraes foi novamente citado. Ele teria recebido uma promessa de pagamento de R$ 50 mil, sendo R$ 20 mil antes do jogo, para que levasse amarelo na partida.

Na mesma partida, o zagueiro Paulo Miranda deveria receber um cartão amarelo. O pagamento combinado foi de R$ 50 mil e foi depositado por Romário Hugo dos Santos (um dos apostadores investigados) na conta de Gabriel Tota, responsável pelo repasse ao zagueiro.

  • Ceará 1 x 1 Cuiabá

Para esse jogo, o MP não determinou qual seria o valor pago ao final, mas afirmou que R$ 5 mil foram entregues a Igor Cariús, do Cuiabá, antes do jogo, para que ele levasse o cartão amarelo. Ele levou a advertência e ainda teve um segundo cartão, que ocasionou sua expulsão.

Igor Cariús. Foto: Reprodução.
  • Red Bull Bragantino 1 x 4 América (MG)

O zagueiro Lomónaco, do Bragantino, recebeu pagamento de R$ 70 mil, sendo R$ 30 mil antes do jogo, para que levasse cartão amarelo na partido, o que aconteceu.

Zagueiro Lomónaco, do Bragantino. Foto: Reprodução.
  • Santos 1 x 1 Avaí

Pagamento de pelo menos R$ 50 mil antes do jogo para que Eduardo Bauermann fosse punido com o cartão amarelo. Isto não aconteceu.

Eduardo Bauermann. Foto: Reprodução.
  • Botafogo 3 x 0 Santos

Como Bauermann já tinha recebido os R$ 50 mil para o jogo contra o Avaí e não levou o cartão amarelo, aceitou a proposta para ser expulso na rodada seguinte (jogo contra o Botafogo). Ele recebeu o cartão vermelho depois da partida, por reclamação, o que gerou um novo atrito com o apostador. Leia abaixo:

Apostador: “Olha a porra da merda que você fez. Mano, pq você não fez a porra que eu te falei. Mano, pq não tomou essa porra no primeiro tempo. Pq não deu uma porra de uma cutuvelada (cotovelada). Mano, pq você não me escuta, mano. Você me fudeu de novo mano. Mais (sic) dessa vez você vai resolver. Mano, você vai me pagar, tudo. Eu te pedi, eu confiei em você mano. E você me desonrou. De novo mano. Não tô acreditando nisso. Não deu certo porque você não escuta os outros. Era uma porra de uma curuvelada (sic), um tapa na cara do jogador. Só isso, você não fez mano, pq você não quis”.

Eduardo Bauermann: “Mano, de coração, não foi porque eu não quis, eu te juro! Senão não tinha tomado nem no final e teria inventado uma desculpa para você…”.

Apostador: “Pq você não deu uma cotovelada no cara???? O barato vai ficar louco para você”.

Eduardo Bauermann: “Mas estou correndo atrás pra conseguir te pagar esses 800 mil que você falou”.

Apostador: “Cadê os 50 (mil) que eu já te mandei mano?”.

Eduardo Bauermann: “Tá aqui, nem mexi nesse dinheiro”.

Apostador: “Já vê aí pra já mandar esse dinheiro mano”.

  • Palmeiras 1 x 1 Cuiabá

Pagamento de R$ 60 mil para que Igor Cariús levasse o cartão amarelo.

  • Sport 5 x 1 Operário

No jogo da Série B do Brasileirão passado, a promessa era de pagamento de R$ 500 mil, sendo R$ 40 mil pagos antes da partida para Fernando Neto, jogador do Operário, levar o cartão vermelho. Ele não foi expulso do jogo.

De acordo com o Estadão, o jogador levantou suspeitas do árbitro Caio Max Augusto Vieira durante a partida. ” O árbitro no meio do jogo chegou em mim e perguntou se eu estava querendo ser expulso”, contou o jogador para Bruno Lopez, um dos chefes do esquema.

Fernando Neto. Foto: Reprodução.
  • Guarani 2 x 1 Portuguesa

A promessa de pagamento foi de R$ 100 mil, para que Victor Ramos, da Portuguesa, cometesse um pênalti. Como Bruno, Ícaro e Zildo, três dos denunciados pelo MP, aparentemente não encontraram jogadores para manipular resultados na mesma rodada do Paulistão deste ano, não houve depósito antecipado, nem aposta no jogo.

Zagueiro Victor Ramos. Foto: Reprodução.
  •  Esportivo Bento Gonçalves 0 x 0 Novo Hamburgo

Promessa de pagamento de R$ 80 mil, sendo R$ 5 mil depositados antes do jogo para que Nikolas, do Novo Hamburgo, fizesse um pênalti no jogo do Campeonato Gaúcho deste ano. Ele cometeu a penalidade.

Nikolas, do Novo Hamburgo. Foto: Reprodução.
  • Caxias 3 x 1 São Luiz.

Pagamento de R$ 70 mil, sendo R$ 30 mil depositados antes da partida para que Jarro, do São Luiz, cometesse um pênalti no primeiro tempo do jogo do Campeonato Gaúcho de 2023. Ele fez a falta aos 15 minutos de jogo e pediu para ser substituído aos 28.

Atacante Jarro Pedroso. Foto: Reprodução.